quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Celebrando a vida...e por que não a morte também?

Vida e morte são dois lados de uma mesma moeda.Se completam, se conflitam, arrastam todas as pessoas pra essa controvérsia.Existem várias e várias opiniões diferentes sobre este mesmo assunto, e por mais que sejam exclusivas dos que defendem uma ou outra...Acabam se favorecendo.
Se falamos da vida, também falamos da morte, e vice-versa.
Pra demonstrar o que estou tentando dizer sem encontrar melhores palavras pra expor em prosa, criei uma poesia, já que a minha fluência acontece magicamente por meio das prosas fajutas que me ponho na vida a escrever.
Enfim, deliciem-se.


Carpe Diem

Flores de plástico não morrem
Não padecem, como a carne
Não como a carne em putrefação
Não como a pureza de um verme
Que vai se alimentando,
Corroendo cada víscera
Corroendo o que me resta no peito
Um amor mal acabado, mas agora morto.
Não pelo final do amor
Mas pelo fim do corpo
Fim da matéria na Terra
E o ritual escorchante de um sórdido velório
Onde a viúva chora o corpo derramado ao leito
Inutilmente, e ela sabe disso.
O pranto corre e escorre
Rosto abaixo
E alma olha, ri, e compreende
Tudo passou, tudo se foi...
E aquele amor...de nada valeu.
Todas as tolerâncias
Toda a paciência, compreensão,
Todas as juras de amores infinitos
Besteiras que se perderam no caminho da vida
Não importa se longa ou curta
Foi vida um dia, foi viva, foi útil.
Agora, me digam:
De que adiantaram todas as precauções?
E de que adiantaram as dúvidas,
As dívidas, os sim, os não, os talvez,
A impaciência, a irritação, a dor,
O prazer, o torpor, a luz,
O Sol, a Lua, as estrelas que eu tinha prometido pegar
Uma a uma, pra satisfazer o meu amor...
Tudo se fora.
E daí?
Nada disso agora importa.
Só gostaria de dizer a minha família
Que morrem tão quanto eu
E que todos aqueles conflitos
Não foram nada senão aprendizados
Dolorosos, concerteza
Mas nenhum deles significaram mais ou menos
Do que uma pedra em meu caminho
A qual tive que remover, e não passar por sobre.
Gostaria de dizer aos meus amigos
Que nenhum deles presta,
Nenhum deles é ruim
E nenhum deles vai ser livre
Porque vão ser tão adubo quanto eu
E devo acrescentar que todo o estudo, todo o esforço,
Toda a loucura e correria do dia-a-dia
Acabam, e quando acabam
Só deixam um vazio existencial
Como se sua vida tivesse um cronômetro
Que se zerasse quando menos fosse esperado.
Não, ninguém tem o controle disso.
Meus amigos cientificistas e ateus que me desculpem,
Mas não há forma melhor de descrever esse fim do que a frase
Aquela popular e insuportável frase:
“Deus quis”.
Gostaria de dizer a minha amada
Que sinto muito, mas não dá mais pra ser como antes
E que ela encontre alguém melhor do que eu
Pra preencher sua cama, seu sorriso,
Suas lágrimas, suas certezas e incertezas,
Sua vida e suas memórias.
Não que ela mereça de todo
Mas reconheço que me aturar não é fácil
E que todo o mal que eu tenha feito,
Dentre confusões, brigas,
Família, casa, reconciliações,
Enfim, tudo aquilo que construímos juntas,
Que você realmente encontre alguém
Que possa construir algo com você.
Algo que seja bom, que não traga dores,
Que seja um pouco lúdico,
Porque mal ou bem, nossa filha precisa se divertir
E aprender
E tomara que ela aprenda com os meus erros
E tomara que ela me odeie
Pelo péssimo exemplo que talvez eu tenha sido.
Tomara também que ela me adore
E conserve em sua memória
Os meus bons momentos,
Nossos bons momentos.
E que ela tenha neles o mínimo de inspiração.
Aliás, desejo que ela não cometa os mesmos erros que eu
Mas que seja bem melhor do que eu fui,
Embora eu realmente ache que isso é tão plenamente possível
Que já me arrependo das minhas palavras.
E por fim, ao terminar minhas póstumas declarações,
Gostaria imensamente de dizer
Que na vida,
Tanto a mais profunda dor
Quanto a mais incrível alegria,
Passam.
E não são nem mais nem menos
Do que um breve momento.
E gostaria de lembrar que a vida se constitui disso:
Breves momentos.
É preciso aproveitar.

Nunca o Carpe Diem me fez tanto sentido quanto agora.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ela...Sempre ela...

Ela é um desejo inflamável...
Enquanto eu sou apenas um brinquedo descartável.
Ela é o veneno que eu tomo pra viver...
E eu sou o passatempo quando ela não tem nada pra fazer.
Ela é a insegurança onde eu procuro me segurar...
Eu sou o papel que ela faz de origami quando a sua vontade me faz dobrar.
Ela é o desapego, a traição, a ambiguidade, o desamor...
Eu sou tudo o que ela precisar: Lua, Sol e Flor.

E esse querer louco me arrasta pro fundo do poço.
Mas eu finjo ingorar a angústia no meu peito só pra ficar mais perto dela, como uma sombra, um espectro, uma tola, um bobo-da-corte da minha Dama de Ferro.
Se o esse amor é uma doença, concerteza ela é a cura pro meu Mal de Amar.

Não me permito dizer mais nada além disso.

Deese D'obscurité.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Diálogo interno...Não, não estou esquizofrênica.

Bem como qualquer um no mundo, eu acabo falando sozinha.Normal até então.Pior é o que tenho coragem de escrever e publicar.

É, isso sim é terrível.Eu mesma me espanto com as coisas que eu penso.

Esse texto saiu de um pensamento meu que demorou muito tempo pra ir embora, cair no esquecimento.

E tanto não caiu no esquecimento por completo que se tornou texto, e não somente um texto, eu ainda criei coragem de publicá-lo.

Pra mim, diferença nenhuma faz - ou quase nenhuma - de que me rotulem de louca ou que digam que meus pensamentos são primitivos demais, simplórios demais, infantis demais...Só me preocuparia mais seriamente se meu texto estivesse ilegível.

Tendo a garantia de que qualquer um pode ler...Cá estamos, eu e o texto.

E que cada um leia e interprete como bem lhes apouverem.



Duas Palavras, Dois Passos



- Não precisamos ser completos para estarmos vivendo.A nossa imperfeição não motiva a persistir.Por que tudo parece ser muito mais difícil do que já é?
- Nada parece ser fácil, porque não precisa ser fácil.
- Se existem formas mais fáceis de se lidar com alguma coisa, então se escondem muito bem.
- No mundo real, há muitas perguntas para as quais não encontramos respostas.Coisas sem solução.Não há como todos serem felizes.
- Por quê?
- Porque para alguém ser feliz, outra pessoa acabará sofrendo.As pessoas vão se acostumando com a felicidade conseguida.E elas buscarão mais felicidade.
- A ganância é muito grande, não é?
- Isso mesmo. É por isso que existe o sentimento de tristeza nas pessoas.
- Se não existisse tristeza, as pessoas não saberiam o que é alegria?
- Parece contraditório, não é?Eu não quero viver em um mundo com essas contradições.Eu quero parar enquanto me sinto feliz.Vou transcender a realidade.Vou para um lugar onde não precisarei de nada, não me sentirei triste e poderei repousar.Assim como eu, você pode fazer essa “viagem”...Você foi o escolhido.
- Foi por isso que você apareceu?
- Isso mesmo.
- Foi só pra mostrar essa “viagem”?
- Dê um fim nisso...Essa é a “viagem”.Você deve abandonar tudo o que passou...Deve parar a sua existência.Aquilo que você vê, o que você ouve, o que você cheira, come, toca...O tempo e sua alma...Seu corpo e o ar a sua volta...Negue a existência de tudo isso e então você vai “parar”.
- Eu...Vou...Parar...
- Você vai parar.
- Eu devo parar...O que será?Tem alguma coisa errada aqui.Achei que não tivesse nada dentro de mim, mas há algo que está me segurando.Tem alguém... – pausa – Essa doença é a minha fraqueza. É o meio que encontrei para fugir das coisas tristes. É um mundo fechado que eu mesmo criei.
- Sim.Mas é muito melhor do que a infelicidade que o espera no mundo real.
- Talvez.Se eu ficar, provavelmente não irei mais sofrer.Pode ser que este seja um mundo feliz.Mas, talvez não seja assim.Esse mundo dentro de mim não é real.
- O que está dizendo?
- Desculpa, eu não quero a eternidade.Eu quero seguir em frente.Mesmo que tudo tenha um fim...
- Você...
- Desculpe-me, quero seguir em frente. É por isso que eu não podia ter te esquecido.A minha tristeza foi ter perdido você.As coisas tristes não podem ser esquecidas.Elas têm que ser superadas.
- Não posso...
- Por que será que não conversamos mais?Por que eu não pude perceber que você estava sofrendo?Naquela época você ficava mais distante a cada dia e eu não conseguia nem chegar perto de você, porque tinha medo.Depois que te perdi, eu fui esmagado pelo meu arrependimento.Sofri muito...Para fugir dessa dor, guardei suas lembranças dentro de mim.Neste mundo parado, que eu mesmo criei.Fui um idiota!Esta tranqüilidade que consegui às custas de esquecer a sua existência...Não passa de uma farsa!
- Não...Espere!
- Eu...Tenho que ir.Irei para onde o tempo está correndo.
- Não me deixe assim...
- Mesmo que eu sofra...Quero ficar no mundo que muda constantemente com o passar do tempo.Viverei carregando comigo suas lembranças.Minha querida...
- Eu...Te...
- Adeus, minha querida.
- Adeus... – pausa – Será como sempre foi, um dia como qualquer outro.Apesar de parecer ter algo diferente.Mas o que estou dizendo?
- Já deveria ter ido.