quinta-feira, 7 de julho de 2011

Não quero saber das razões, nem quero saber das consequências. Não quero que ninguém me pergunte nada, porque eu não tenho a menor paciência pra explicar, pra responder.

Richard Brautigan disse uma vez que "as pessoas acreditam que amar a sua alma também lhes garante direito sobre o seu corpo". Hoje eu pensei nisso. Pensei na minha despedida, no corte desse cordão umbilical entre eu e a noite, pensei em como a minha vida era feliz, despreocupada, inconsequente,carpe diem e solitária. Pensei em como minha vida vai ser enfadonha, previsível, organizada, rotineira e solitária.

Odeio essas regras, esse sistema, essa vida pequeno burguesa chata pra caralho... Odeio ter que trabalhar e dizer sempre "sim" pra um cara hierarquicamente acima de mim, que detém os meios de produção e que é o responsável pela minha necessidade de acúmulo de capital e consumo de bens, de produtos e de tempo.

Odeio a necessidade de terminar um curso superior, e que eu tenha prazo pra isso, e a necessidade de ficar aqui, pra que isso termine. Eu gosto do que estudo, e vou amar muito minha profissão, mas odeio ter que ficar aqui 5 anos, parada, sem arriscar. Preciso conhecer outros mundos, outros lugares, outras pessoas.

Não quero viajar com data marcada pra voltar, não quero ter validade pra explorar, pra ser feliz, seja lá como eu escolhi ser. Não tô falando de amores, de sexo, de paixão... Foda-se o amor, na verdade. A gente só quer segurança, na verdade. A gente se identifica com alguém e projeta nele uma vida inteira de sonhos, planos e frustrações. Eu quero mais do que isso.

Quero me livrar desses conceitos mesquinhos e egoístas de monogamia, poligamia, casamento, civismo, politicamente correto, pacifista, tolerante... Por que existem palavras impublicáveis, "indizíveis", como aborto, incesto, pedofilia, sadomazoquismo, satanismo, ateísmo, estupro, aberrações da natureza (pessoas que nascem com 3 braços, duas cabeças, etc)? POr que não se pode tocar nesses assuntos? Todos somos um pouco bestiais, impossível controlar essa besta o tempo todo, uma hora ela sai, por um instante que seja. Opressão não resolve nada. Odeio isso, essas convenções, essas bobagens irrelevantes... Odeio controle.

E o que eu mais detesto e execro é reconhecer a necessidade desse controle. Essas regras malditas.

Sem elas tudo é caos, tudo é escória, tudo é barbárie, tudo é intenso, desinfreado, tudo raso, tudo luminoso... Muito sexo, regado a um verdadeiro banho de sangue.

Quando não é a violência, é o sexo, e uma começa quando a outra acaba, praticamente. O sexo é quase o objetivo final de felicidade, e o dinheiro também. Com dinheiro se compra sexo e companhia, mas não compra amor nem amizade... E depois que a ficha cai, a consequencia é a fuga, e pra acabar em violência não custa nada.

Escrevo, desordenadamente, com ódio.

Porque estou indo embora: em boa hora. E porque preciso ir, não quero, mas me sinto bem de ir, quando na verdade uma grande parte de mim só quer ficar e apodrecer aqui, nessa mesmice provinciana rodeada pelos ecos de idéias repetidas desse espírito acadêmico limitado pseudo-revolucionário que se espalha por toda a cidade.

Minha alma é livre, e meu corpo não comporta toda essa liberdade. Mesmo que eu a manifeste, ainda asism, será insuficiente. Se apenas contê-la é possível, então continuemos assim, por mais que eu deteste a stuação.

Talvez eu já não saiba mais o que estou falando, ou talvez não tenha a pretensão de saber.

Não querer explicar faz parte do plano.

Só quero curtir e ficar sozinha.