sábado, 29 de junho de 2013

Deixo saber a todos!

Essa vida é de mágoas... Escrevo a todos que queiram saber.
Essa vida é de mágoas. Desgraçados que passam pelo mundo, despedaçados, com sentimentos empoeirados há muito, engessados por dentro, consumidos pelo silêncio apático dos córregos salgados de uma doce tristeza que enuncia a desilusão... Estas linhas mal feitas são fruto de um acidente, de um transborde de mágoa, dessa vida amalgamada dentro do coração, é um aperto a mais naquele nó na garganta, é um marejar a mais de olhos pregados no horizonte de ressacas. Estas linhas são para vocês, são para nós.
Cuidem de cada palavra com o mesmo acalento que debruçam sobre suas tristezas.
Somente nós compreendemos o estertor lancinante de uma dor... da angústia carregada de ressentimentos, daqueles pensamentos insanos, daquele fim sem começo.
Somente a vós, privilegiados, foi concedido o dom de delicadamente sorver cada palavra como um gole de rum misturado em angostura. É de se entorpecer, mas também é de se amargar. O amargor é um gosto nosso, para combinar com o fel que nos despejam aos lábios a vida, desde o tenro romper do primeiro abrir de olhos.
Somente aos bêbados, desgraçados, putrefatos em bares, envelhecidos em bordéis, apodrecidos em vida é possível a degustação destas linhas embebidas em desventuras e mal caminhos.
Que estas linhas de conformidade aplaquem um pouco a dor que sentimos, nobres colegas.
Pensemos que tudo que aqui vive, é destinado a um caminho apenas, ao qual não se foge nem se impede. O que nos atormenta é o que fazer até a chegada ao ponto final do texto, até o último respiro, a última colheita, até o último passo, último qualquer coisa.
A nós ficou reservado o peso de um amor mal escolhido, ressentido, engruvinhado, um amor que antes de romper a casca já estava choco.
A nós ficou a orfandade de laços sanguíneos, de seio amparador e consolador das dores, sem berço esplêndido, sem maiores amores.
A nós restou a vagabundagem, a mal sucedência da profissão, da carreira, da pobreza de saberes, de alma.
Ficou o amargor, o azedo da vida... Até os poucos bons momentos que a tão vil vida trouxe, deles só restou saudade vã, cobertas de névoas, quase encaixotadas em um porão de esquecimento.
Irmãos de dor, de copo e de tão amarguradas mágoas, choremos todas estas mágoas, lendo essas linhas, ridículas linhas, tão somente de mágoas cheias, até o momento do repouso sob a sombra refrescante de um cipreste em campo.