domingo, 11 de agosto de 2013

Coisando

Não existe nada de novo mais. O novo é um negócio que já passou, tá velho, esquecido e empoeirado, mas que a gente descobre remexendo num armário ou num baú velho e sacode pra usar. Ás vezes a gente bota um glitter, um sorriso, um salpicado de granulado e aí parece novíssimo e arrojado, mas é só um negócio de antes com uma carinha diferente daquela.
Fico me perguntando a origem das coisas, aí fico assim.
Fico achando que nunca as coisas foram novas, mas sim as ideias, as vontades, as necessidades. Tudo foi crescendo e se adaptando desde o fogo e a roda até o bluetooth.
Fico imaginando que de eureka em eureka a gente foi criando tanta coisa, e tanta maravilha, e tanta porcaria, e aí veio a utilidade, o acúmulo, a indústria, o capitalismo, o dinheiro, o poder, o ter, o querer, o consumo, os males psicológicos, e a deturpação da utilidade das coisas também.
Fico imaginando uma vida sem coisas, mas aí não ia ser vida. Somos uma coisa.
Tava aqui lendo os classificados, pensando no emprego que eu tenho que arrumar, nas cobranças que me fazem e nas que eu me faço, pensando que largo cursos pela metade, nunca paro de fumar, tenho contas penduradas em bar, um amigo desaparecido, e aí me dei conta que tudo isso são coisas. A gente se acostuma a ser coisa também e a coisificar o que não se coisifica.
No fim das contas, o que não é coisa, acaba se tornando coisa. Mesmo sem querer.
Ah, é cada coisa que eu penso...