domingo, 21 de fevereiro de 2010

Minhas Militâncias

Bom, pra quem não sabe, eu faço parte de vários grupos militantes dentro da universidade da qual faço parte, a UFF (Universidade Federal Fluminense).
Sou pertencente a um grupo de oposição à atual gestão da UNE e somos de esquerda (embora muitas pessoas do coletivo sejam vinculadas ao PSOL, o PSOL não está necessariamente vinculado ao coletivo).Nosso nome é LEVANTE, e somos um coletivo nacional de estudantes de diversas universidades, tanto públicas quanto particulares, espalhados de norte a sul no nosso país.
Também faço parte de um grupo de menor abrangência, mas de igual importância, o Liberdade Lilás, que é essencialmente feminista, sem ser discriminatório ou sectarista.Bem como o Grupo Diversitas, que luta principalmente (e não exclusivamente, como muitos pensam) pela questão da liberdade sexual dentro e fora dos espaços universitários.
Faço parte desses grupos há um ano e meio, quando ainda cursava Odontologia, no campus de Nova Friburgo, pela UFF também.
Agora eu faço Ciências Sociais, na UFF, em Niterói.Também trabalho como vendedora, no Norte Shopping.Estou muito sem tempo pra permanecer militando, indo a reuniões, dando opiniões (mesmo que via e-mails) e orientando e direcionando o pessoal de Friburgo quanto à sua organização politico-social por lá.Hoje o meu acompanhamento é mais virtual mesmo, ligando, mandando mensagens, conversando no msn, etc.
Mas meus ideias continuam os mesmos.Minhas concepções de fato/realidade e sonho continuam as mesmas.Continuo achando que os SONHOS NÃO ENVELHECEM e que sonho que se sonha junto vira realidade sim, porque se tivermos forças pra fazer um LEVANTE nas nossas vidas, podemos mudar os rumos da política atual, fazer com que sejamos tratados com dignidade e decência pelos parlamentares, dentre outras coisas, como ÉTICA, que parece ter sido esquecida por muitos lá dentro.
Continuo acreditando em mim, nos meus amigos, nos jovens universitários, e na nossa força.Quando nos juntamos em prol de um único objetivo, sempre conseguimos o que queremos.
Tenho orgulho de dizer que faço parte da corrente idealista e preocupada com o futuro desse país.Tenho orgulho de saber que ainda existe algum contingente jovem nesse mundo preocupado em saber que rumos a nação está tomando.Tenho verdadeira paixão por discutir - com a devida seriedade, propriedade e respeito - a minha concepção ideológica com os jovens que fazem parte de outras correntes.


Mas, existe outro lado.
O lado dos oportunistas, dos incautos e dos acomodados.O lado dos que só querem viajar e discutir por discutir.O lado dos que não estão nem aí pros ideais e pra política do Brasil, daqueles que não vêem com bons olhos a militância estudantil.Os hipócritas, os conservadores tacanhos que estão escondidos nas universidades, lutando pra fazer o bolo crescer mas não pra repartí-lo para todos, e sim para uma das partes.São os jovens da direita/extrema direita, que não são filhos de Renan Calheiros nem nada tão "garboso" quanto isso, mas defendem coisas exclusivistas e sectárias, sendo pequeno-burgueses (ou até mesmo burgueses capitalistas selvagens mesmo, o que não faz a menor diferença, nesse caso), é ainda assim ridículo defender a supressão de um grupo de seres humanos em prol de uma meia dúzia muito rica.

Mas, desde que eu começei a trabalhar no Shopping, que é um ambiente consumista ao extremo, percebi que as coisas não são tão bonitas como eu gostaria que fossem.
Existem os ideais, a vida universitária e a realidade da vida cotidiana, rotineira.E, se na universidade as coisas são complicadas, na vida fora dela, é como se tudo fosse multiplicado por dois ou mais.
O preconceito é maior, as distâncias entre as classes sociais são muito maiores, o culto ao corpo e a beleza, a importância do ter em detrimento do ser, a vida de aparências, a banalização do amor e a coisificação da mulher dão a exata dimensão do que ocorre dentro do ambiente universitário, mas em grandes proporções.
Como se nós fôssemos uma amostra do que está por vir na vida real, como um BBB sem câmeras e sem áudio, um laboratório da vida "adulta" de verdade.

E é triste ter que me calar e me submeter a todas as coisas que eu penso e acredito serem inaceitáveis, como a exploração do trabalhador, o abismo entre as classes sociais, o apoio ao capitalismo através do estímulo ao consumo, mas eu preciso me sustentar.
O pior é que um amigo que trabalhava em uma ONG, e que completou sua graduação em História pela UFRJ a pouco tempo, entrou lá porque acreditou que faria a diferença, e que tudo seria diferente, acabou saindo porque viu que nem mesmo uma instituição que supostamente deveria cuidar/auxiliar um determinado grupo estava de fato preocupada com isso.Sempre tem um interesse maior por trás.
E aí eu penso e repenso e fico triste de tirar das minhas conclusões o pior dos diagnósticos pra sociedade: o ser humano é NATURALMENTE hedonista.Não tem nada a ver com capitalismo ou qualquer coisa que o valha, tem a ver com o que é que nos deixa, enquanto indivíduos, melhor do que os demais.Onde está o nosso diferencial, nossa identificação.Dormimos e acordamos querendo nos destacar, ser melhor, mas temos a necessidade incrível de entrar na moda e seguir a tendência ditada por uma pessoa só, apenas porque tem um monte de gente fazendo a mesma coisa.

É ruim ver as minhas convicções abaladas pela pancada da realidade, da vida como ela é, sem rodeios e floreios, mas há esperança, e é importante que se acredite.
Pelo menos eu continuo militando, até onde tiver forças.Até que me levem a credibilidade, a ética e a minha dignidade abaixo da minha honra, coragem e auto-estuima.


Na próxima postagem coloco um texto de um companheiro do LEVANTE da UFC, que cursa psicologia, Pedrinho, que tive a felicidade de conhecer e conversar no 51º CONUNE.

E até a próxima.

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