domingo, 5 de dezembro de 2010

Carta de uma homossexual para outra.

Gostaria muitíssimo que o texto fosse meu, mas não é.
Mas achei muito tocante e acho que todas as meninas que estão em dúvida com sua sexualidade deveriam lê-lo, assim como as que já estão certas dela, as assumidas, as hetero também, pra que possam entender um pouco o outro lado da moeda, os meninos - por que não?
O nome da autora do texto é Helena Paix. Ela inclusive está fazendo um livro, precisa de depoimentos de homossexuais, tanto meninas quanto meninos, falando sobre família. Ela é colunista do site paradalesbica.com.br, e esse texto que vos apresento encontra-se na coluna dela, inclusive.
Vale a pena conferir, quem estiver interessado (a).

Boa leitura.

Para você, com todo o carinho do mundo.

É que eu sei quem você é. Eu sei de que matéria você é feita. Eu sei dos seus conflitos. Eu sei do seu choro. Do seu sorriso escondido: trancafiado como um tesouro proibido.

Eu sei da sua beleza e sei do seu medo.

Entenda: eu também sou você.

Por isso, quando você está aí, como agora, em busca de uma palavra amiga, em busca de uma luz, de um colo, de alguém que lhe abrace apertado e lhe diga “Não se preocupe, tudo vai dar certo, você vai ver!”, eu sei exatamente o que você sente.

Eu sei dos dias solitários.
Eu sei da sua divisão em duas pessoas: a pessoa que você tem que ser; e a pessoa que você gostaria de ser.

Eu sei dos dias em que você acorda querendo mandar o mundo ao inferno.
Eu sei o que você sente quando você vê na rua um homem e uma mulher de mãos dadas a se beijarem.
Eu sei o que você sente quando falam para você sobre casamento e filhos.
Eu sei o que acontece por dentro contigo quando tua família quer saber por que você não namora faz tempo.
Eu sei até da vontade amarga que você sente às vezes de que você fosse igual a todos.

Eu sei do medo da rejeição. Eu sei do pavor de perder aqueles que você mais ama.
Eu sei do abismo que existe, agora, entre você e seus pais.

Eu sei o tanto de tempo que leva para que você consiga olhar no espelho e sorrir por ser como você é.
Eu dos tantos e tantos curativos internos que você que você teve que fazer sem que ninguém te ajudasse.

Eu sei das lágrimas escondidas.
Do choro abafado.
Dos gritos internos.

Eu sei sobre o desespero.

Eu sei sobre a raiva.

Eu sei sobre a vontade mais simples do mundo: de encontrar alguém que te ame como você é; que te permita amar e ser amada; que te deixe ser quem você é. Que te dê forças para enfrentar o mundo; que te dê guarida dessa sociedade assustadora que não entende nada.

Eu sei das tuas dúvidas. Das tantas e tantas perguntas que habitam dentro de ti.
E que também muitas vezes não há ninguém para quem perguntá-las.

É: não é fácil, eu sei.

Mas eu por saber tudo isso, é que eu também sei que você é forte.
Que você pode sim agüentar tudo isso.
Que você, diferente dos ditos ‘normais’, cresce de dentro para fora.

Por isso, se deixe crescer.

Acredite: Haverá um dia em que você será maior do que tudo isso.
E nada disso poderá mais te causar dor.

Se não há um colo agora, se não há uma palavra amiga, se o medo é maior do que tudo: querida, eu te peço, seja absolutamente incrível com você mesma.
Seja a sua melhor amiga.
Encontre bons livros que te façam companhia.
Escute músicas que te acalentam a alma.
Assista filmes que te façam ver sempre as belezas da vida.

ACREDITE NA SUA FORÇA.

Não deixe que a incompreensão da sua família e do mundo te amargure.
Não deixe que o medo e o pavor te façam esquecer-se de quem você é.

Não cale nunca a sua voz interna: ela é teu abraço constante: ela é teu sorriso escondido.

E quando você se olhar no espelho, saiba que você está olhando para uma guerreira.
Saiba que você carrega um fardo que muitos dos ditos ‘normais’ não agüentariam.
Se orgulhe de você: porque você consegue enxergar o amor em todas as formas que ele existe.

E se lembre sempre que existem tantos outros no mundo como você, como eu: sentindo as mesmas dores e conflitos. Desejando apenas que lhe permitam ser quem são.

Você não está sozinha querida.

E o que eu te peço agora, é que você se sinta abraçada.
É que você saiba que existem pessoas-anjos por aí que vão nos ajudando ao longo do caminho.

Que você acredite que vamos encontrando pessoas que são um pouco pais, um pouco irmãos, um pouco amigos e que suprem o que muitas vezes não conseguimos encontrar em casa.

Lembra da sua voz interna? Aquela que você não pode calar nunca?
Ela tem uma tarefa: a de se tornar cada vez mais forte e mais alta.
A de ser, um dia, tão forte, que comece a falar mais alto do que os seus medos.

Acredite: eu sei quem você é.
E por isso mesmo, acredito em você.
E lhe digo: você consegue sim.

Ache a sua paz. Você a merece.
E deixe que o seu sorriso visite sempre os seus lábios.
Você é linda exatamente como é.
E não há nada de errado com você.

Eu estou do seu lado.
E sou um pouco você.
E juntas, mesmo que você esteja aí e eu aqui, conseguiremos sim vencer o mundo.

Só preciso que você saiba que você não está lutando essa guerra sozinha.
Por isso seja forte e erga sua cabeça.
Preciso de você lutando por você mesma.
Quando uma de nós sorri, a vitória é de todas.

Você ainda tem uma vida pela frente.
Por isso sonhe os seus sonhos e alimente-se inteiramente de quem você é.

Seja feliz: você deve isso a você mesma.

Clarissa e Roberta

Por alguns instantes Clarissa quis se sentir grande, maior do que seu ego, como se sentisse sua força brotando de algum lugar por dentro. Queria sorrir, explodir, gargalhar e apontar, como criança. Mas como confiar em uma pessoa que te abandona no momento de maior latência do seu amor por ela? Não, ela não podia se deixar abalar por aquele velho sentimento.
- Então é isso... Você vem me procurar porque ficou carente?
- Não, linda... Se fosse só carência teria me casado, ou buscado qualquer outra pessoa, não acha? - era a primeira vez que Clarissa tinha sido agressiva e tão séria com Roberta, e isso a perturbou.
- Não consigo confiar em você. - respondeu secamente Clarissa.
- Naturalmente. Já imaginava isso, mas gostaria de te fazer uma proposta, mesmo assim.
- Hã...
- É simples: não me proíba na sua vida, esteja aberta, deixa eu me aproximar de novo. Você não tem que estar comigo, mas pode estar comigo também. Entende?
- Tá. Você me propõe que nos reconheçamos novamente, é isso?
- É. Sem juízo de valores, ok? - e Roberta finalizou a frase com um lindo sorriso.
- Impossível. - Clarissa respondeu entrando na brincadeira, com um sorriso que antecipava sua resposta.
- Ah, mas tenta...
- Tudo bem. Vamos ver no que isso vai dar.
Clarissa tinha medo, mas a possibilidade de estar com Roberta novamente era irresistível, não podia negar o frio na barriga, aquela sensação de borboletas no estômago de novo. Tinha o dia todo de folga, e Roberta parecia não ter mais nada pra fazer também.
- Tá com fome, Beta?
- É...agora eu tô.
- Vamos naquele japonês aqui perto?
- Como a gente fazia quando você se mudou pra cá! A gente comia yakissoba todo dia...Lembra? - e Roberta soltou uma leve risada.
- É. - Clarissa também riu.
Os olhos das duas se cruzaram mais uma vez, os risos se ouviram, se tocaram. Elas sabiam perfeitamente o que aquilo representava. E nenhuma das duas quis afastar aquilo que estava renascendo ali, se readaptando a uma nova realidade.
Alguns meses atrás, quando Clarissa tinha conseguido sair da república onde morava, foi morar ali, naquele apartamento pequeno que parecia não conter sua felicidade de se ver gerindo sua própria vida, com maior privacidade pra ela, mais espaço para os seus sonhos. Roberta também tinha adorado a ideia, pensava em ir morar com ela um dia, se empolgou com a decoração, ajudou a pintar, ajudou na mudança, e, na época, o fato de estar ali presente, esboçando alguma espécie de futuro, parecia encantador.
Ficaram em silêncio, por um breve instante, se perdendo uma nos olhos da outra, quando Roberta acariciou de leve o rosto de Clarissa. Elas sabiam que estavam com seus pensamentos em um mesmo lugar, na mesma lembrança, na mesma felicidade remota.
- Quem vai levantar primeiro?
- Quem tiver mais coragem.
- Isso mesmo...Levanta aí! - e Clarissa começou a fazer cócegas em Roberta, fazendo-a levantar.
Definitivamente aquela tarde estava parecendo um comercial de margarina no intervalo de uma feliz história de novela das 20h.
Depois de muito romance e gracejos, levantaram-se, vestiram-se e foram no japonês, já que não tinha a menor condição de cozinhar qualquer coisa na casa de Clarissa. Vida de solteira, sozinha a maior parte do tempo, possivelmente explicaria a desarrumação e a falta de prática com o fogão e as panelas. Comer sozinha é chato, cozinhar pra si própria é chato.
Saíram do apartamento, passaram pelo porteiro fofoqueiro, mas dessa vez Roberta deu mãos com Clarissa, numa atitude que surpreendeu ambas. Andavam com tranqüilidade, esperando encontrar um cenário digno de Disney nas ruas, com pássaros cantarolando em volta das princesas, em copas frondosas de árvores imponentes, mas só tinha barulho de carros e buzinas e um sol que sempre faz lembrar aos cariocas o porquê da música “Rio 40º”. Andaram por quase 10 minutos, chegaram no japonês, onde podiam pedir milhões de coisas, mas pediram o mesmo yakissoba de camarão que pediram tantas vezes antes. Era um bom momento, estavam felizes, e relembrar coisas agradáveis era ideal.
Na hora do pedido, uma nova surpresa:
- Pra viagem, e rápido.
- Roberta, que isso... Pára pra comer! – disse Clarissa assim que o atendente se afastou.
- Tenho o dia livre pra você, e quero aproveitá-lo da melhor maneira possível. – respondeu Roberta com intenções pouco puritanas.
Iniciaram um papo descontraído sobre suas lembranças e algumas intimidades, até que o yakissoba chegasse, depois de algum tempo. O atendente ouviu um trecho da conversa das meninas quando foi levar o tal prato a elas e enquanto pagavam, não pode deixar de soltar um sorrisinho, que foi percebido por elas, mas Clarissa não se importava, já Roberta percebeu as claras – e más – intenções do rapaz. Não satisfeita, decidiu proporcionar um espetáculo completo: beijou em pleno restaurante aquela menina ruivinha e tímida que tanto desejava.
O espanto foi geral, mais o maior e mais saboroso foi o de Clarissa. Nunca, em todo o tempo que estiveram juntas antes, Roberta tinha tomado tal atitude. Nem de mãos dadas costumavam andar, e agora, nesse reencontro, beijos em público em plena luz do dia, num restaurante. É...Roberta mudou.
O atendente não sabia o que fazer, o beijo foi ficando mais quente, mais envolvente e Roberta estava adorando aquele desconforto, aquele constrangimento que causara no ambiente, descobriu então que a felicidade dela não podia ser paga ou trocada pelo seu silêncio e inércia. Se descobriu capaz de tomar essa realidade em suas mãos e enfrentar o que tivesse por vir. Sabia que não seriam flores o que estaria esperando por ela, mas teve a certeza que a partir daquele momento sua forma de ver o mundo, de se ver tinha começado a se transformar e ela estava adorando.
Clarissa, mesmo sem entender, também gostou do beijo e da atitude. Preferiu não falar nada, só dançar conforme a música, sabia que seria complicado e difícil pra família conservadora de Roberta e julgou inapropriado trazer questionamentos tão densos e pesados à tona naquele momento.
O beijo se deu, e foi interrompido por Clarissa, antes que entrassem as duas em combustão.
- Beta, seu troco tá te esperando e a comida tá ficando fria. E agora quem quer voltar logo pra casa sou eu.
- Ah... Cê tá com pressa? Por que? - disse Roberta, quase sussurrando, com um tom um pouco rouco, sugando o lábio inferior de Clarissa.
- Em casa eu te digo. - respondeu mais maliciosamente ainda Clarissa.
Pegaram o troco, a comida e abandonaram aquele restaurante com a sensação de que implodiram o lugar. Era tão pequeno, tão aconchegante, com suas cadeirinhas e mesinhas de madeira, espaço altamente simétrico, geométrico e seus frequentadores e trabalhadores exalando aquela impressão de regularidade, formalidade, seria comparável a um mosteiro se não fosse tão ocidentalizado. Definitivamente, naquele espaço a felicidade delas não ia caber. Nas ruas, no percurso de volta, não queriam mais se sentir como em um mundo encantado da Disney, queriam sentir aquele calor, de 40º, de dentro pra fora e de fora pra dentro. Se apressaram, quase correram pelo caminho de volta pra casa. Entraram no prédio afoitas, Clarissa abraçou Roberta por trás e foram andando assim, grudadas. Lógico que o porteiro viu, mas dessa vez elas riram dele, não ligavam, qualquer coisa parecia menor do que aquele momento e tudo era menos importante. Clarissa tinha medo de estar sendo usada em um momento de carência de Roberta, tinha receio de nunca mais vê-la, sabia que as promessas que foram feitas antes não foram cumpridas, o que mudaria agora? Não tinham o menor compromisso mesmo... Mas deixaria pra pensar nisso em outra hora, aquela hora era de agir, e aproveitar.
Roberta estava descobrindo a delícia de ser desejada e desejar tão violentamente e tão publicamente, estava excitada com a possibilidade de descoberta desse novo mundo. Queria mais, queria gritar. Estava começando a entender o “sair do armário”.
No elevador, entraram mas não apertaram o 4, Clarissa colocou Roberta de frente pra parede do elevador, beijava sua nuca, afastava seus cabelos bem levemente, provocava mais, mordia o pescoço, as mãos desciam e subiam pelas costas, acariciava os braços, decidiu abrir as pernas de Roberta e encaixar uma das suas naquele vão ali. Roberta ria, com ar de Noelle Vavoom, totalmente extasiada, realizada. Aquela provocação quase inocente a deixava com ainda mais vontade. Deixou o yakissoba no chão quando Clarissa desceu suas mãos pelos braços dela, entrelaçando seus dedos e colocando-as contra a parede. Tudo o que Roberta podia fazer era suspirar e gemer, mas não o fazia, estava se segurando pra quando subissem pro apartamento. Enquanto isso, Clarissa ia se arrastando no bumbum de Roberta, fazendo um leve rebolado, com a sua perna no meio das dela, e com suas mãos prendendo as dela. Sentia tesão, e sentia crescendo dentro dela, o calor aumentava, a vontade crescia, os movimentos se intensificavam, a vontade crescia mais, a medida em que aquela situação de dominação se intensificava, os movimentos dos quadris das duas tornavam-se mais forte um contra o outro, Roberta rebolava mais, parecia uma dança, um pedido com o corpo do que queria que fosse feito.
Clarissa largou Roberta e apertou o 4. Esperou o elevador começar a subir, encostou as costas na outra parede, Roberta abaixou pra pegar o yakissoba de forma provocante: desceu sem dobrar os joelhos, manteve o bumbum empinado e se virou pra Clarissa, antes de se levantar. Então se encostou de frente pra ela, na outra parede e ali ficaram se olhando, esperando o elevador subir.
Clarissa enfiou a mão no bolso, procurando a chave, pra evitar perder tempo procurando por ela no corredor. O elevador subia e parecia lento demais pra fome delas. Uma olhava a outra e sabiam que assim que entrassem no apartamento todas as expectativas seriam superadas, todo o enorme prazer seria satisfeito. Roberta nunca foi tão fogosa quanto agora, e Clarissa nunca se sentiu tão à vontade.
O elevador parou, quarto andar, abriu a porta, as duas saíram, caminhando leves pelo corredor, como se estivessem preparando uma armadilha, uma pra outra. Clarissa pegou a chave, abriu a porta, Roberta entrou no pequeno apartamento levemente bagunçado pelo rompante sexual anterior.
Roberta colocou o futuro almoço sob a mesinha da cozinha americana, abriu a geladeira pra tomar um copo d’água bem gelado, estava quente por dentro e por fora. Enquanto isso Clarissa fechava a porta, tirava a roupa e ligava um ventilador pequeno próximo ao pé da cama, no quarto minúsculo que só cabia a cama de casal e o armário.
Roberta olhou o relógio, viu que dali a uma ou duas horas o sol ia começar a baixar para se pôr, não sabia se devia dormir ali, nem o que diria a sua mãe quando a procurasse, mas ia ficar, porque sabia o que ia acontecer, sabia que era bom e sabia que ia gostar. Foi se indo para o quarto, onde Clarissa já estava a esperando.
- Vem, Beta. – disse Clarissa, só de calcinha e sutiã na cama desarrumada.
- Não quer beber água, comer, nada? – Roberta foi andando na direção de Clarissa, abrindo o zíper do vestidinho.
- Depois. – respondeu Clarissa, já sentando-se na cama.

(continua)

Ela sabe que é verdade.

Nós terminamos, mas porque não nos desligamos ainda?
Aonde está o problema?
Por que não conseguimos conversar? Só gritar, brigar, e nas horas vagas, uma ou duas palavras de carinho nos intervalos. Isso é muito ruim...Ruim demais!
Você me diz que a gente vai casar, ter filhos. Eu juro que eu queria acreditar nisso como antes, queria mesmo sentir o meu coração batendo forte, descompassado como foi nos últimos anos.
Não dá pra voltar no tempo...
Eu queria te amar como eu te amava no início, queria rir das suas gracinhas, saber o limite entre brincadeira e humilhação, te proteger, te olhar dormindo, brincar na sua barriga, andar de mãos dadas com você na praia, olhar o céu, ver o sol nascendo, se pondo. Queria ter feito aquela viagem que não saiu, e você não sabe como isso me incomoda. Queria sentir aquele desejão, quando vc beijava minha nuca, me deixava alucinada.
Tudo foi se acabando, a gente foi deixando o tempo passar, estávamos ocupadas demais nos exigindo o mundo, brigando, nos ofendendo. E eu te amava tanto, tanto...que só de pensar chega a doer.
A gente terminou, nos falamos pouco, quase nada. Meus amigos, cadê? Eu me pego tendo inveja, raiva e às vezes ciúme de você. A gente se distanciou, mas a gente não quer isso, é torturante. A vida tá muito ruim sem você, pelo menos fica do meu lado.
Fico aqui, fazendo de conta que tá tudo uma maravilha, quando na verdade só quero desabar e chorar no seu ombro, quero - como hoje - um abraço demorado, um ouvido pra eu poder desabafar, um ombro pra eu desabar. Vejo você feliz, tendo sucesso em tudo, conquistando amizades novas, fazendo coisas novas, falando coisas que nmunca disse antes, valorizando seus bons momentos. Você tá linda, tá com um ar mais jovem, alegre, tá magrinha, seu cabelo tá perfeito. Eu estava assim também quando você tava mal, assim que a gente terminou. Me sentia uma criança, livre. Agora esse furor de liberdade passou. Agora eu vivo me contendo, querendo sumir, ligando pra vc quando a paciência está por um fio, ou quando o meu coração tá explodindo de tristeza, pedindo ajuda pra coisas que nem fazem sentido, usando qualquer coisa como desculpa pra te ouvir, pra estar perto da pessoa que mais me deu valor, atenção, carinho, que foi fiel o tempo todo, que me deu uma chance, que me permitiu ser quem eu sou de verdade, e que não tem vergonha de mim por nada, nem vergonha de si própria. Como você mesma disse "eu gosto de estar com quem eu amo, gosto, e eu gosto de que as pessoas saibam quem é essa pessoa, e que vejam como essa pessoa me traz felicidade".
Eu realmente te amo, e você pode considerar esse post uma declaração de amor (ou quase isso), e é por te amar que faço qualquer coisa pra ver esse sorrisão enorme no seu rosto. Você sorri com o coração, com os olhos, com a pele, até com o fígado se bobear.
Você aprendeu a viver, depois de anos te dando esporro pra você ser mais séria, responsável, organizada...
O fato é que a gente faz tanto parte uma da vida da outra que não conseguimos mais ficar sem esses momentos.
Isso leva sempre a uma idéia de volta, de que a gente precisa dar a vigésima sétima chance pro nosso relacinamento amoroso reacender aquela chama veeeeeeeeeelha.
Mas não dá, simplismente não dá. E você sabe disso.
A gente não se ama como mulher mais, talvez tenha um pouco de atração, uma saudade de fazer sexo, de sentir a pele-na-pele. E isso se mistura com todo o carinho e respeito que permeia a nossa tentativa de amizade, com rompantes de ira, e tudo mais.
Mas acho que não vai passar disso. Não posso falar pelo dia de amanhã, não posso dizer que nunca mais teremos nada, se tiver que ser, um dia, será. Mas acho que a gente tinha que trabalhar isso de outra forma.
A nossa probabilidade de dar errado é tão grande ainda, na verdade, a cada passo que ficamos mais distantes uma da outra eu percebo como a chance de erro é grande, infinitamente maior do que a possibilidade de sucesso. Pelo menos agora.
Não dá pra pensar em voltar...Senão vamos viver eternamente o pandemônio que vivíamos nos últimos meses de namoro:

"E se admitirmos que nosso relacionamento está acabado?
E nos mantivermos nele, mesmo assim?
Nós o aceitamos.
Nós brigamos muito.
Quase não transamos mais.
Mas não queremos deixar um ao outro.
Assim poderíamos passar a vida juntas.
Miseráveis.
Mas felizes de não estarmos separadas."

Não quero morar com você, nem namorar, nem ficar divagando como seria nossa vida de comercial de margarina se tentássemos novamente, para sermos infelizes para que possamos ser felizes.
Merecemos mais do que ficarmos juntas pelo comodismo, pelo medo de sermos destruídas se não ficarmos.

Se a gente tiver que ultrapassar os limites da amizade, de novo, pra tentar de novo, não vai ser agora, nem dessa forma. E muito menos vai depender dos outros.
Vai acontecer, se acontecer, na hora certa, da forma certa.
Enquanto a gente não tem a resposta, vamos nos manter na civilidade amistosa com que nos tratamos pra não ter chance de colocar até a amizade a perder, que é uma coisa que nem gostaria de pensar, porque eu te amo muito pra deixar vc sair de pertinho de mim de novo.
Some não, hein?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Clarissa e Roberta

A ânsia de Roberta era inquestonável, pela forma como saiu do carro.Quase quase tranca Clarissa lá.
Foram ao apartamento de Clarissa, estava uma belíssima tarde.O porteiro estranhou, fatalmente contaria às vizinhas e vizinhos.Clarissa teria percebido se não estivesse tão absorvida pelos passos de Roberta, sempre a sua frente, sempre a guiá-la, e Roberta não via a hora de sair daquele elevador direto pro apartamento da única mulher, na verdade a única pessoa, que a teria tocado de forma tão densa, tão marcante. "Por que eu não fiquei com ela antes? Por que? Burra! Agora vai ser tudo mais difícil" pensava Roberta enquanto entrava às pressas no elevador, e esperava impaciente por Clarissa e depois, pronto, o botão pressionado do 4º andar se acente e a porta do elevador então se fecha, e a agonia diminui um pouco mais, na proporção em que a tensão aumenta.

Chegam ao andar, andam mais uns pasos, 402.
- As chaves... - Clarissa procura, quase desesperada, na bolsa de pano de sempre, quando sente Roberta a abraçando por trás, colocando a mão bem devagar em seus bolsos da frente do short e tirando de um deles o pequeno molho de chaves.
- Aqui. - respondeu Roberta, em um sussurro ao pé do ouvido de Clarissa, que a tinha arrepiado completamente.Roberta já tinha passado pelos esquecimentos de Clarissa muitas vezes e sabia que ela sempre colocava as chaves nos bolsos, e mesmo assim, nunca se lembrava.
Tomando as chaves em sua mão, Clarissa abriu rapidamente a porta daquele pequeno apartamento.Assim que abriu, Roberta entrou tão rápido que quando se deu conta, estava em sua frente, mas do lado de dentro, movendo para Clarissa aquele corpo levemente moreno contido em um vestido bege, aqueles cabelos cheirosos e ondulados tocando aqueles lábios lindos, carnudos, expressivos, como o belo par de redondos olhos castanhos que a fitavam com uma expressão de urgência.
Clarissa deixou seu corpo pesar e só ouviu o barulho da porta se fechando em suas costas, enquanto a mulher que lhe tirava toda a inspiração indo embora um dia, estava ali novamente.Se virava, com um ar felino, como quem combina sensualidade e perigo, olhando fixamente em seus olhos.Clarissa chegou a achar que estava enchergando em slow-motion, mas ainda tinha rapidez suficiente para trancar a porta e largar a bolsa de pano em qualquer lugar.
Roberta sorriu.Tinha sentido um frio na barriga por aquele momento, tinha o imaginado algumas vezes, nunca exatamente como estava acontecendo agora.Estava surpresa, anciosa, aflita, uma miscelânia de sentimentos que só instigavam mais o prazer dela sob a outra ali, que agora estava vindo em sua direção, arrancou o tênis, menos um passo, o outro pé, menos outro, aí só tinha um palmo de distância no meio daquele megnetismo todo.Roberta abandona suas chaves no chão e se joga nos braços de Clarissa, que corresponde.
Mãos na cintura, pescoço, carinhos no rosto, sorriso bobo, os olhos se perderam, tudo parecia inacreditável, um sonho.Tanta coisa pra dizer, mas nada deveria ser dito, ninguém deveria desmerecer aquele momento grande demais pra palavras.
Clarissa estava imersa no sentimento que vinha lhe percorrendo corpo afora, colocou as mãos por baixo do vestido, sentiu a calcinha pequena que Roberta costumava usar, permaneceu explorando aquele corpo familiar, levantando cada vez mais o vestido, até tirá-lo.Roberta se lançou em beijos no pescoço de Clarissa, colocando as mãos embaixo da camiseta, subindo, se desvencilhando do sutiã inútil, logo a blusa foi menos um obstáculo e o sutiã também facilmente removido.Clarissa foi levando o corpo de Roberta pra cama, e lá jogou a morena, que a olhava pedindo que aquela espera terminasse.Clarissa tirou o próprio short, junto com a calcinha, e nesse momento Roberta suspirou, porque percebeu a beleza daquele corpo novamente, aquela pele branquinha e macia, delicada como porcelana.
Naquele momento fechou os olhos e sentiu o corpo de Clarissa em cima do seu, lento, e sentiu o cheiro dela, e se percebeu molhada, quando a coxa dela encaixou-se no meio das suas pernas.Então beijaram-se perdidamente, como se o tempo não existisse mais, um beijo molhado com leves sugadas de lábio de Clarissa, e algumas chupadas de língua e mordidas leves de Roberta, querendo provocar mais.
Os beijos desceram para o pescoço, uma parte da numa, um poquinho do queixo, e desceram um pouco mais, e aí Clarissa sorveu o bico daqueles delicados mamilos e adorava ouvir a respiração de Roberta começando a ficar ofegante.Os seios de Roberta eram lindos, redondinhos, nem grandes demais, nem tão pequenos.Cabiam nas mãos de Clarissa e ela adorava pegá-los, enquanto chupava um, acariciava outro, e podia ouvir um ensaio de gemido vindo de Roberta.
Era hora de continuar descendo com os beijos, e assim foi.Beijando a barriga, o umbigo, e então a virilha...Nessa hora Clarissa sentou-se de frente para Roberta, encaixou as suas pernas nas dela e a levantou, fazendo com que o corpo das duas estivesse bem colado.Roberta entendeu o que Clarissa queria fazer, ela queria que as duas se sentissem mais, que gozassem juntas, olhando uma nos olhos da outra, as duas se estimulando, se provocando, matando as saudades das sensações dos desejos.
Assim, sentadas uma de frente pra outra os carinhos recomeçaram, e então Clarisse rompeu o silêncio:
- Você vai sumir de novo antes que eu perceba?
- Não dessa vez.
- Não quero me consumir de novo à toa.
- Não vai.
- Quero entender ainda o que aconteceu antes, pra você ter desistido, mas... Depois de terminar o que começamos.
- Hahaha...Certíssima!
Clarissa beijou Roberta com mais vontade ainda, e Roberta gostou de sentir a língua dela invadindo sua boca daquela maneira tão incisiva, como se disputasse com sua própria língua aquele espaço.
As duas passevam suas mãos pelo corpo da outra, um verdadeiro balé sensual.Até que se tocaram onde tanto esperavam, e sentiram-se molhadas, pela espera e pela vontade, mais molhadas do que imaginavam estar.
Os beijos tinham algo de apaixonados, mas um certo grau de necessidade, e seus toques pareceram mais delicados num primeiro momento...Mas Roberta não se deteve muito tempo massageando o clitóris de Clarissa, passou a penetrá-la com força, com vontade, e Clarissa se sentiu convidada a fazer o mesmo.
Elas gemiam, gritavam, se contorciam de prazer, tentavam manter suas bocas ocupadas, mas a sensação de prazer era tamanha que não conseguiam mais controlar seus corpos, os músculos começaram a enrijecer, a respiração mais ofegante, gemidos mais altos, mais finos, e suas mãos não paravam aquele ritmo frenético de entra e sai, gira, mexe, mais fundo, mais rápido, mais forte, e mais alguns minutos depois, acabaram por desfazerem-se em êxtase, finalmente.
Clarissa olhou nos olhos de Roberta, como quem admirasse a Monalisa ou qualquer obra de arte do mesmo porte.Roberta deitou, e trouxe o corpo de Clarissa pra junto do dela.
- Fazia tempo que não me sentia tão bem assim... - disse Roberta.
- Se te fez falta, por que então...
- Não foi culpa sua, foi minha.Eu não ia ter coragem pra assumir isso. - interrompeu Roberta.
- Por que, então, ficou comigo e me fez acreditar que ia dar certo? E se não tivéssemos nos visto na Livraria, você estaria aqui?
- Na verdade eu tinha passado na Livraria pra comprar alguma coisa pra você e depois vir te visitar.Tenho pensado muito no que aconteceu.E achei que se você percebesse isso provavelmente me acharia uma idiota.
- Roberta, a gente viveu coisas muito intensas em muito pouco tempo, eu sempre tive a impressão de que ficou alguma coisa.E você ainda não respondeu por quê não ficou comigo antes.
- Eu...Faltavam 3 semanas pro meu casamento.
Clarissa sentiu sua gargante se fechando.Aquela mulher ali se colocava como heterossexual e era casada.Cada vez mais via como seria impossível ficar com ela, que era uma tolice sem tamanho ficar alimentando esses sonhos.
- E por que me visitaria agora?Seu marido sabe disso?
- Não tenho um.
Aquilo soou como música nos ouvidos de Clarissa.

(continua)

sábado, 6 de novembro de 2010

Clarissa e Roberta

Clarissa abriu os olhos.O tic-tac do relógio chamou-os atenção, 6:30h. "Ainda! Ah, não! Vou voltar a dormir...".
Não consegiu, apesar de querer.Sonhou com Roberta, mais uma vez.E acordou na hora errada.E não conseguia dormir porque lembrava dela, só lembrava, e só queria encontrar aquela fantasia no mundo real, tê-la novamente em seus braços, presenteando seus mais profundos desejos.
De lembrá-la sentia seu corpo pegando fogo da cintura pra baixo.E aquelas borboletas no estômago, aquele arrepio...Era excitante de lembrar, imagine se pudesse fazer de novo, e de novo e mais uma vez...

Até que não queria mais se torturar com aquilo.Levantou-se, foi direto tomar um banho gelado.Demorou 10 minutos, se enrolou numa toalha e olhou seu conjugado.Se pudesse definí-lo em uma palavra seria caos.Nas últimas semanas não tinha tempo pra mais nada, por causa do trabalho por meio período, depois Faculdade, e mais uma tentativa de pesquisa pra construção de um artigo, que depois de 6 meses viraria monografia.
Era sábado, tinha todo tempo do mundo.Foi ver um programa qualquer na TV e tentar arrumar aquela zona.E, dessa forma, em 4 horas conseguiu colocar sua casa em ordem, sem perder nenhum papel da pesquisa.
Foi pra cozinha, fez um sanduíche com o que sobrou da limpa que fez na geladeira, tomou a última cerveja, sentou e foi se sentindo cansada...olhos a TV ligada, falando sozinha...Roberta de novo.Se resvalasse um segundo os olhos em qualquer morena, iria imaginar Roberta, invariavelmente.
- Inferno! Preciso sair.

Comeu rápido, tomou um novo banho, colocou um short jeans, um all star qualquer, uma camisetinha com seu cordão habitual, seu óculos de grau meio retrô, ajeitou os cabelos agora tingidos de ruivo, pela metade, com a raiz mais o mais preta que conseguiu fazer com a tinta que tinha comprado.Foi pegar as chaves.
- Peraí...o chaveiro...cadê?
Procurou muito...mas depois da arrumação, descobriu q se achava mais na sua própria bagunça.Depois de uns 10 minutos de procura, finalmente achou. Foi embora antes que esquecesse onde ficava a porta.

Já fora do prédio, foi andando pra livraria mais próxima.Queria se entupir de alguma coisa que preenchesse sua mente sem ser pesado.Um filme novo, ou um livro de leitura fácil pra imaginação correr frouxa.Entrou despretenciosamente, foi pra seção de Antropologia, quase que por instinto.Correu os olhos, parava em autores clássicos, outros mais modernos, mas então se deu conta que não queria ler pra estudar, queria um livro que a aliviasse, e não um que a deixasse mais inquieta ainda.Deu a volta, foi pra outra seção de literatura mais "água com açúcar", quase foi parar na auto-ajuda, mas recobrou o seu objetivo na mente. Pegou um título qualquer "Desculpa se te chamo de amor", foi ler a contra-capa, mas tomou um susto.
- Psiu! Clarissa!
Olhou pra trás.Era tudo que ela queria ver, mas que não precisava.
- Roberta... - e só conseguiu formar o nome da sua musa em fonética depois de alguns segundos de estupefação.
- Então...Fazendo o que de bom? - Roberta parecia feliz, estava linda, mas Clarissa era muito suspeita pra considerar isso.
- Eu...tava...Tentando sair um pouco das minhas pesquisas, queria me distrair com uma leitura qualquer. - tentava disfarçar, mas tinha um medo absurdo que Roberta percebesse sua angústia em não saber o que fazer.
- Mas tão cedo assim? Nem é meio-dia! - Roberta ria naturalmente, mas na verdade ficou excitada por descobrir Clarissa ali, do jeitinho como ela adorava, totalmente atrapalhada, desatenta, com um ar de sempre perdida.
- Pois é... - riu timidamente uma Clarissa com mãos suadas - Eu preciso deixar essa mania de leitura.
- E como está indo o artigo, falando nisso? - Roberta estava louca pra sair dali com Clarissa, mas tinha que se conter.
- Ah, eu tô quase acabando! Nem acredito...Passei quase 2 anos pra montar uma coisa que poderia ter demorado tão menos tempo! Mas o trabalho me toma muito tempo, e sabe como é... - Clarissa não queria mais falar sobre nada, queria se perder naqueles olhos, perder o ar naquele beijo, mas tinha que se controlar.
- Poxa, que bom! Pelo menos você tá no final, né? Por que a gente não almoça juntas e você me conta as novidades?
- Por mim, tudo bem...
Roberta foi dirigindo-se pra porta e Clarissa seguia atrás, sem livro, e com um sorriso de canto de boca, que deixava-a mais nervosa, e as mãos suadas ficavam geladas.
- Eu tô de carro, tá ali na outra calçada.
Roberta atravessou a rua na frente, foi entrando no carro e Clarissa com seu passo um pouco mais lento e mil olhadelas nos carros que não vinham na pista, até atravessar e também entrar com ela onde tinham se beijado pela primeira vez, a algum tempo atrás.
Roberta ligou o carro, foi colocar o cinto, e a mão dela deu com a de Clarisse, ao memso tempo, no mesmo gesto.Foi um segundo pecioso.Os olhos sabiam já o caminho pra se encontrar, e as duas sabiam que isso era forte demais pra controlar.
Foi instintivo.Roberta pegou as mãos de Clarissa, sabia que estariam suadas, e talvez geladas, e que por isso mesmo Clarissa se sentiria envergonhada, mas pegou com firmez, como fez da primeira vez.Já não lembrava mais do motivo de ter desistido de Clarissa, não sabia por que tinha inventado aquelas coisas de viagem, outra pessoa, arrependimento.
Em meio a tanto esquecimento, puxou Clarissa pra si um pouco mais, ela também não estava mais segurando aquele desejo latente em seus sonhos, sua imaginação, seus lábios...Se sentia quente, sentia medo de sobrar, de perder de novo.Mas precisava deslizar naquela tentação e se entregar, por fim, a algo que lhe consumia por tanto tempo.
- Eu moro aqui perto...A gente pode comer depois? - disse Clarissa antes que algo pudesse acontecer ali, e antes que pudesse se arrepender.
- Agora. - respondeu decididamente Roberta, já saindo do carro.

(continua)

sábado, 18 de setembro de 2010

Lara, Lara...

Pra quem não sabe (e também pra não gerar maiores especulações), Lara era uma amiga muito próxima, onde sempre, em nossas conversas, surgiam frases lindas, versos incríveis, enfim, pura inspiração. Ela adorava a palavra e eu também, eram sempre inspiradoras nossas conversas...

Tem um bom tempo que nos falamos... Anos!
Da última vez que conversamos, ela estava grávida...O filho dela deve estar enorme agora! rs

E, num momento "revival", cheirando a naftalina, como blusa da bisavó guardada no guarda-roupa desde o casamento da sua mãe, lembrei de algumas conversas anotadas e, achei por bem colocá-las publicamente aqui.

Quem sabe ela não lê e por acaso nos achamos, encontramos e conversamos, como fazíamos aos 15, 16 anos?

Para Lara:

Tens a força que eu nunca atingirei...
Tens a dor...
Tens a frieza de teus passos...
Falas com voz aveludada palavras que ferem, mas ambas anulam-se.
És ridícula e inabalável.
Inalcansalvelmente sonhadora


Para mim:

Te perdes nas palavras, tuas, somente tuas
Também eu me perco nelas - embora em nada me perca
E em ti - embora jamais te tenha encontrado
Admiras e repudias - somos, nisso, iguais
Me decifras, como ninguém
Justamente porque não me ousas decifrar
Tens sonhos... de parte deles, corta, porém, as asas - sorumbatismo em tesoura
És intensidade
Surrealismo
- Intensa e sutil

Para Lara:

Uma vez achei que te podia olhar nos olhos,
Uma vez achei que até podia provar de teu amargo féu,
Deixei de pensar e quando vi eu já o tinhas.
Foges tanto que acabo por encontar-te!
És meus espelho e toda minha dor está em ti,
Portanto sangre por mim, Deusa Vaporosa!
As boas aventuranças foram-se com o vento
E eu aqui estou, novamente, á deriva.
Desiludida e insanamente alegre.
Não preciso de ajuda para saber que estou presa aqui, mas logo minhas asas cicatrizarão e eu poderei voar livremente pra fora deste maldito poço

Logicamente que o conteúdo está completamente gótico. Paciência, era assim como eu era na adolescência. Boba, sonhadora e gótica. rs

Fico por aqui, lamentando muito pela demora na escrita.

A UFF DECIDIU QUE NÓS NÃO VAMOS PAGAR NADA!

Entre os dias 30 de agosto e 3 de setembro, a Universidade Federal Fluminense teve oportunidade de presenciar um momento bastante interessante e importante também: um plebiscito, que fez parte do processo estatuinte da universidade, teve voto universal e decidiu sobre a gratuidade na instituição. Muita gente se perguntou do porquê disso, afinal, a UFF é federal, pública e gratuita certo? Bom, não é bem assim que as coisas funcionam... Atualmente, a UFF abriga mais de 150 cursos de pós graduação pagos: que utilizam espaço e recursos da universidade, com professores concursados – muitos de dedicação exclusiva -, e cobram mensalidades que podem chegar até 1.500 reais. Além da cobrança, esses cursos representam um foco de corrupção: não há prestação de contas – motivo pelo qual a universidade vem sendo investigada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União – e são administrados pela FEC, que é uma fundação de apoio que não precisa fazer licitações ou dar maiores satisfações de como gerencia o seu dinheiro.
Como fez parte da reformulação do Estatuto – processo que já se prolonga há 12 anos, e decidiu levar as divergências à voto da comunidade – a decisão era entre duas propostas de texto, um elaborado pela Comissão Estatuinte que previa a gratuidade do ensino em todos os níves e sob responsabilidade da União; e outro apresentado pela Comissão de Sistematização do Conselho Universitário, que garantia a gratuidade apenas para os cursos de graduação e pós graduação scrito sensu, excluindo dessa forma as pós lato sensu. O plebiscito movimentou a universidade: muitos estudantes, professores e servidores usaram adesivos pela gratuidade, com o porquinho rosa que se tornou o mascote da campanha, e colaboraram divulgando através de redes sociais como o twitter. O pleito teve um total de 13.248 votos válidos – mais que a última eleição para reitor -, o resultado das urnas, apuradas durante todo o dia 4 de setembro na quadra da Faculdade de Direito, apenas comprovou o que clima já indicava: com 86,7% dos votos no Sim, a comunidade acadêmica decidiu por uma UFF 100% gratuita.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ida e vinda

Não queria fazer um post-confissão aqui.
Então poetizando tudo fica mais agradável e menos piegas.
Na verdade, lembrei que tinha salvo um veeeelho e-mail, que agora vejo que acaba por tornar-se relíquia.
Quem me mandou já nem lembra mais de mim, e infelizmente não posso afirmar que a recíproca não é verdadeira.
Enfim, continuando o assunto, é uma música, que me foi mandada como pedido de fuga, que eu obviamente quis negar e não entender. Mas que hoje me faz falta, me causa uma certa comoção.
Nada ruim, não é exatamente um arrependimento.
Mas seria tão bom se eu tivesse entendido tudo como deveria ser...Seria bom se eu realmente tivesse sido compreensiva, carinhosa e menos ciumenta...
A gente aprende, o tempo passa, a vida segue...
E tudo vai tomando outras formas, os pensamentos mudam, o caráter se amolda, como ferro quente e bigorna. Nunca sem dor, sem sofrimento ou sem perdas.
Uma vida fácil, uma luta sem riscos, é uma vitória sem glória.
E, as duras penas, eu aprendi que tem que ser assim. As coisas são como devem ser. A gente não pode se acomodar, temos que viver, lutar pelo que a gente acredita, não deixar os sonhos envelhecerem, mas as dificuldades existem, e isso faz com que a cada conquista o sentido da mesma seja salientado por todos os percausos anteriores passados.
Enfim...
Adoro viver.
Mas tb adoro lembrar.
E sendo assim, pra conhecimento alheio e deleite de minhas memórias agradáveis (agora, pq na época não foram, pq eu não deixei que fossem), a música:
A Seta e o Alvo
composição: paulinho moska e nilo romero
Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso,
E você de azar ou sorte.
Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "te amo!"
E você só acredita quando eu juro.
Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.
Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!
Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?
Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Então me diz qul é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

domingo, 27 de junho de 2010

Arrefecimento

Tive um relacionamento incrível quando ainda fazia odontologia.
Foi concerteza o mais intenso, insano e profundo.
O mais doce, e tb o mais amargo.
O mais rápido e o mais inesquecível.
Onde eu errei mais e pior e acertei menos e não tão bem assim.
Ficamos, e uma semana depois namoramos, depois quase casamos...e Isso tudo durou uns 5 meses...Aí as férias vieram e tudo se acabou.
Mas eu insisti, e...Não deu certo.
Forcei demais.

Enfim...
O tempo passou...Tem um ano quase.
Eu ainda lembro das coisas que a gente viveu, do que a gente falou, das músicas, do clip do gatinho de 7 vidas (e acho q ela dignamente chegou na 7ª agora, e só agora eu tb percebo como ela se sacrificou por mim), lembro tb do "homi" que pulou pela janela do apto dela e eu não quis acreditar pq a gente tava dormindinho no quarto. Lembrei no livro q ela me emprestou que falava de Literatura Russa abessa, e tb me apresentou Liliana...A peculiar Liliana que eu enchergava nela, e que eu nunca vou conseguir esquecer.Lembrei dos cafés de tarde, da primeira vez q alguém saiu comigo pra jantar na vida, lembrei doa filmes, das comidas loucas no meio da madrugada que tinham um gosto horroroso. Lembro de ver MTV o tempo todo (e até hoje sinto o cheiro dela, do sofá, e a casa de modo geral se assisto a uma vinheta da MTV).Lembrei das noites sem dormir, da matéria que se acumulava pra gente estudar e da nossa negligência nada salutar.Lembrei dela falanado "u-hum!" pra tuuudo, ou então "boniito, boniiito"...Me dava nos nervos, mas eu adorava, tanto que hoje em dia é meu vício de linguagem favorito.
Lembrei do único e último filme juntas: "quem quer ser um milionário". Lembro dos olhos dela cheios de lágrimas, gritando pra que eu nçao fosse mais atrás dela...e meus ouvidos surdos.
Lembrei de como eu ficava sem jeito com ela, lembrei tb de quando eu tirei a copia da chave e limpei todo o apto, e ela chegou sem entender nada.
Lembro do frio que era de manhã, e a preguiça dagente de ir pra mais uma aula chata, podendo fazer nada juntas, ali.
Lembrei de quando eu pegava a camera dela e ficava tirando fotos e fotos, e vídeos toscos, e daí surgiu o "ninguém pode saberrrrr".
Lembrei da caixinha cinza, de ouvir "porcooona" e responder "leitoooooa" e depois rir, lembrei dos perfumes dela, da bagunça que era dentro do armário (e fora também).
Lembrei das pulseiras, que se arrebentaram, como quem quisesse dar um sinal do que ia acontecer.
Lembrei de quando todo mundo soube...
Lembrei de quando todo mundo começou a falar...
E comecei a lembrar das coisas ruins...
Lembrei da primeira briga com ela...e da primeira por ela.
Lembrei de coisas que ela nem sabe.
Lembrei do ciúme incontido que eu sentia dela, e quanto mais ciume, mais ela se afastava, mais eu prendia, mais ela ia embora...
Lembro até hoje de dois dias: O dia que ela conheceu o Yann, e ficou muito bêbada e fez besteira, na minha frente, na rua; e o dia em que eu bebi pouco, mas fiz uma besteira maior ainda, em casa mesmo, mas que me fez chegar definitivamente no limbo, na falta de razão, na torpice mor que eu jamais imaginei chegar. Foi a primeira vez que tinha sido cruel assim, a primeira e última vez, e acho que nunca vou conseguir nem esquecer, nem me perdoar por isso.
Nos dois dias, eu era um bicho, irracional, frio, repleto de ódio por dentro, um ódio que queimava, que cegava, que me colocava um antolhos e não me permitia ser eu.

Mas, o tempo passou...

E eis que vejo uma declaração de amor mais do que linda no profile do abrigo atual dela, a pessoa onde a paz dela mora e onde ela reside no abraço:

" Ab imo pectore, ab imo cordeAh, se nos dias em que chorei desilusões,Conhecesse ou suspeitasse o que me aguardava!Choraria? Provavelmente! Todavia sem tristeza pelo fim,Mas com alegria de uma nova etapa. Afinal não foi fim, foi transição.Não foi sofrimento, foi aprendizado.Não foi amor, foi preparo.Não foi frustração, foi dever cumprido.Mas se soubesse que tudo se resumia nisso...Ah, tudo teria sido mais fácil! Hum... E tedioso?E se soubesse que hoje estaria como me encontro?É, não seria bom. Acabaria por desejar pular etapas.E quão sem graça seria não ter como presenteA surpresa daquele quase primeiro beijo inesperado. Foi a procura de Gêmeos, no céu da serra fluminenseEm um sábado a noite do mês de agosto:“Ali, gêmeos, oh! Ali.” _ dedo apontado.“Ali? Mas está mexendo! Haha” _ respondi.“Oh! Ih, é um avião! Haha!”Suspendemos o Drury’s!E se fez silêncio... “merda”e se fizeram olhares: “merda”e se fez enlevo: “não me olha assim!”e se deu a aproximação: ”assim como?”Sinceramente não sei descrever com fidelidade!Senti tanta euforia e tanta magia no momentoQue me escapou reparar os detalhes, Tudo que sobrou foi me perder em você.Não pude me prender a outra coisa, só sentir,sentir sua respiração confundida na minha,ou "AS MÃO" esquecidas penduradas na minha nuca,ou ainda a minha testa escorada na sua, seus olhos tão de perto ofuscando tudo mais,o roçar de leve dos lábios macios num quase beijo interrompido... [merda!³²¹]E estranhamente celulares aprendem a voar! [o.O’]Não precisou mais que 4 dias de meros “oi” trocadosPara que inconscientemente me subisse o desejo,O feliz desejo, de sentir você junto de mim,De provar o sabor dos seus lábios e o calor de tocar sua pele.E você virou música: Soneto do teu corpo;Um certo alguém; Minha flor, meu bebê; Mimar você; Quando te vi; Contra o tempo; Sorte; Tanto amar; Quem,além de você (essa quase! que medo! UFFa!) Menos de uma semana, hein? Que rapidez em me conquistar!E muito bem conquistada, né? Já estamos esbarrando em um ano!E ainda lembro, no Manhattam, do primeiro pedido de namoro,O outro no seu quarto dias depois, e mais um outro no meu quarto...Confuso... todos foram aceitos. =S36 dias depois de nos conhecermos, cedemos... “vambora”, namoro.2 meses depois do primeiro beijo... “não sei amar na vida mais ninguém”.3 meses de férias sem você por perto... desespero! [“acaba férias”]690 meses aproximados que me restam... não os vivo sem você!Mudando de assunto... Quantas viagens escondidas mais teremos?Tudo bem, não era mesmo essa a pergunta, foi só pra enrolar...Vai ser mesmo o meu pingüim? Sabe o que mais? Hoc erat in votis!Afinal, você quem me ensinou quePectus est quod disertos facit, então:833 26666!Ad fidem S2 ad ti... "


Me emocionei, sinceramente.
E aí a ficha caiu.

Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo com mais cautela.
Se eu pudesse pedir desculpas novamente...
Se eu pudesse, mudaria o passado e faria do meu presente algo bem mais tranquilo.
Porque não me incomoda a felicidade dela, pelo contrário, fico feliz também.Mas aquele sentimento de que eu fiz tuuudo errado ainda permanece.
Nem deveríamos ter nos conhecido, mas nos envolvemos e eu...Eu me perdi em palavras, em gestos e em pensamentos, que culminou em um desgaste infinitamente maior do que merecíamos ou precisávamos.
Se ela pudesse ler isto...
Adoraria que ela soubesse do meu arrependimento, da minha vida que seguiu, dos meus tropeços, das minhas vitórias, dos meus motivos, das minhas justificativas...
Queria que ela conhecesse quem eu sou agora, soubesse o que aconteceu nesse um ano, queria poder abraçá-la sem sentir mágoa, ou pena, de mim mesma...
E talvez eu não deixasse transparecer que eu ainda penso e me preocupo com ela.
Não no sentido de novamente desejá-la, mesmo porque, se eu soubesse que ela ia ser tão feliz, tão plena, tão leve, tão...LILIANA, talvez, pelo tamanho do amor que tive por ela, tivesse compreendido a necessidade de deixá-la ir e tivesse aproveitado melhor os dias que eu pude passar ao lado dela.
Com ela aprendi um monte de coisas...Mas acredito que a mais valiosa foi que o tempo é valioso, e que não se deve apressá-lo ou atrasá-lo.
Um dia eu digo isso a ela.
Um dia.

Ainda bem que as palavras não se cansam de esperar e nem se perdem por esperar.