quinta-feira, 3 de maio de 2012

Caminhada


Ando meio cansada de todos me dizendo onde está a felicidade que eu procuro.
Ando mesmo cansada disso.
Ando cansada de ver a felicidade indo embora toda vez que eu a seguro pelo braço e olho nos olhos dela.
Ando de saco cheio de amores mau resolvidos, e de amores bem resolvidos e delineados também. Um parece atrapalhar o outro. Sempre.
Ando por aqui de gente em volta e de me sentir solitária tal qual um lobo desgarrado, que quando acha a alcatéia a qual pertence, se perde dela novamente e nesse ciclo de perde-e-acha, se cansa de tanto procurar e se aceita solitário como condição de vida.
Ando com pressa de ver a vida passar e ver como as coisas ao meu redor evoluem enquando finjo partir pra outra estrada, mais calma porém nada pavimentada, na esperança de um novo tropeço.
Ando com ares de quem perdeu o rumo, mas não se pode perder o que nunca se achou, não é verdade?
Ando devagar pela viela estreita que passo agora, onde quam comigo está ao lado apaga a única vela que me dava a direção do caminho, agora escuro.
Ando porque tenho que andar e não tenho mais coragem pra voltar atrás, nem pra me sentar e esperar por algo que sei que não virá.
Ando sem saber pra onde olhar, sem ter pra onde ir, procurando não achar.
Ando meio morta meio viva, anunciando a partida, do meio do caminho que mal sonhei em planejar.
Ando sem querer, como que brincando, com o destino e com a caça, sem saber que não tenho nada pra caçar e que na verdade o perigo insiste em me espreitar.
Ando porque não tenho mais o que fazer da vida e tem alguém que sempre me empurra, pra frente, pros lados, ou pra baixo, sob o som de risos, sem se importar de fato pra onde estou indo ou como estou indo.
Um "como você está" nunca me soou tão irônico.
Um "eu não vou te deixar" também.
Fora as enúmeras vezes que ouvi "estou do seu lado" me perguntando de onde vinha a tal da voz sem rosto.
Cansei mesmo de me importar, de gostar de viver, de me resolver, de ouvir e dar sentido ao ouvido, de falar pra alguém o que seria o certo ou o que eu acho certo, de me preocupar com o que alguém sente. Ninguém nunca fez isso por mim, acho que passou da hora de fazer isso por outrém.

E isso não é o término de um namoro, é o término de uma caminhada.

Agora é andar por andar, caminhar por caminhar.

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