domingo, 11 de dezembro de 2011

Professora Fulana?

Passando pela praça, perto de casa mesmo, vi uma silhueta que não me era estranha... Achei que conhecia aquela mulher que parecia ter uns 45 anos, morena, de cabelos castanhos, algumas rugas e um corpo digamos... em dia.
Continuei meu trajeto, indo em direção a ela.
Depois de alguns segundos, percebi uma outra mulher andando mais rápido a alcançando e tocando seu ombro. A tal mulher que eu achei conhecer virou-se e deu um beijo na boca da outra. Assim, só estalinho mesmo. Na hora ainda cheguei a cogitara hipótese de ter pegado aquela mulher.
Alguns segundos depois me dei conta de que aquela mulher q eu achei q conhecia, de fato conhecia. Conhecia MESMO. E sabia também que ela era professora... Porque me deu aula quando eu estava na 8ª série (hoje 9ºano).
Bateu aquele mind fuck super forte nesse momento. Vi meu mundo cair, minha vida escolar passando pelos meus olhos... E, peraí... Ela era casada!
Não, gente... Nada impede que uma professora casada se descubra lésbica e vá viver a sua paixão, seu amor, sei lá. Mas eu tinha tanta convicção que ela era hetero e que nada no mundo abalaria essa verdade que eu me senti chocada por uns instantes.
Elas estavam se aproximando de mim, e eu ali, indo em direção a elas, com uma expressão fingida de plenitude e calma. Abrindo um sorriso lentamente, esperei que ela passasse por mim pra falar aquela palavrinha temida (até por mim mesma): Professora Fulana?
Notei que ela deu uma leve empalidecida com o que foi ouvido e vi um sorrisinho amarelo em seus lábios, mas mesmo assim, ela havia parado e foi simpática. Contei como estava na faculdade, falei mais umas duas ou três coisas, amenidades, lógico. Ela se tranquilizou, ou se acostumou com a minha breve presença e falou umas coisas bobas também, além de ter apresentado a moça que estava com ela: Deixa eu te apresentar, essa é Cicrana. Cicrana, ela foi minha aluna!
Falamos mais algumas coisinhas, nada demais. Me despedi delas com aqueles 3 beijinhos de bochecha-com-bochecha e fui na direção oposta a delas.
Não pude deixar de me sentir feliz, por ter reencontrado ela e também por ter percebido que ela se achou também, e estava realizada (pelo que pareceu).
Só fiquei puta com uma coisa...
Meu gaydar esta quebrado...Merda!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Uns madrugam, outros Madruga's.

Tem uns 3 semanas que estou trabalhando de "pião" em uma loja no centro do Rio.
Nessa loja, meu cargo é vendedora, mas eu também tenho que limpar uma parte da loja, buscar coisas na rua, organizar o estoque, ser o caixa, e repor as peças já vendidas.
Pego as 8:30h, mas preciso chegar antes pra não ser considerado atraso e, com isso, ficar sem vender por meia hora. Saio, na teoria as 16h, mas na realidade não tenho hora pra sair. Pode ser que eu saia as 17h, 17:30h...vai saber?
Acordo as 5 da manhã quando durmo na casa dos meus pais, tomo banho, pego ônibus e vou dormindo e batendo a minha cabeça na janela do ônibus até lá. Ainda não aconteceu de ter passado do ponto, mas sei que um dia vai acabar acontecendo.
Já cheguei atrasada duas vezes, e também já faltei.
No meu ambiente de trabalho todos querem vender, e vender muito, e para tanto, uns passam em cima dos outros, com a intenção clara de prejudicar mesmo. E ninguém lá tem pudores para confessar isso.
O gerente me parece meio aéreo, não sei se por conveniência ou pelo seu jeito de ser mesmo... E tem horas que de tão curto e grosso acaba sendo rude demais.Ele não brinca e nem ri com ninguém, só com o vendedor responsável. O vr (ou 99) é um cara mais tranquilão, e um pouco mais aberto a ouvir os subordinados. Também briga, também é exigente, mas de uma forma que chega a ser amigável (ou algo muito próximo disso).
Em resumo, não gosto do trabalho, embora me dê bem com todos de maneira isolada, já peguei pessoas falando mal de mim e além disso não é o tipo de emprego que me deixa exatamente segura.
Mas, lógico, não dá pra abandonar porque preciso mesmo de dinheiro.
Esses dias tava pensando na minha situação pessoal e na de alguns amigos meus ditos vagabundos, acadêmicos que no máximo vivem de bolsa.
Obedecendo um certo modelo comparativo, só sei dizer que se eu pudesse escolher, seria vagabunda acadêmica e adepta do Madruga's way of life. Mas o tempo passa, o dinheiro é cada vez mais necessário e infelizmente para mim a independência é uma questão de sobrevivência no momento.
Palmas pra Madrugagem!!! Felizes de vocês, Madruguistas. Aproveitem.

sábado, 15 de outubro de 2011

Bah, Tchê, Tri e um pouco de "chileno"



Em quase uma semana fui transportada prum mundinho verde-vermelho-amarelo-branco que só os gaúchos - principalmente os de PoA - entenderiam.
Passei dias ouvindo aquele sotaque bem cantadinho, com todos os vícios de linguagem e regionalismos que se tem direito. Ouvi um espanhol chileno com aquele excesso de vogais marcadas na oralidade da fala, daqueles que chega a arrepiar, a dar nervoso. Nada incompreensível. Nada desagradável. Mas me fez pensar em como o carioca é "exxxxxculhambado" com seus excessos verborrágicos, cheios de palavrões e intimidades, cheios de hipérboles quase inimagináveis, e de uma malemolência digna de sambistas malandros de Lapa mesmo.
Fiquei pensando na linguagem e me dei conta de como a cultura regional, a identidade mesmo do gaúcho, do carioca ou do chileno, se distinguem a começar pela linguagem. A estrutura da gramática é sempre soberana, semi-imutável, uma dama de ferro. Mas a oralidade da língua, o processo de significação e ressignificação dos símbolos e correlatos das palavras, todos os detalhes da casualidade da fala, do dia-a-dia, tudo ficou nítido pra mim.
Não dá pra alterar a postura cultural de um índio mapuche, por exemplo, mesmo que ele estivesse no Rio e soubesse sambar no carnaval, ou que estivesse nos pampas, de bombacha, espora e boleadeira, descansando da cavalgada tomando chimarrão.
Tanto o conceito de Langue e Parole, utilizado por Saussure; quanto o de Energeia e Ergon, utilizado por Humboldt estavam ali, e eu me dando conta aos poucos. Não que não tenha percebido os mecanismos agindo antes, mas fiz uma relação da linguagem com a fala e a cultura, sistema de crenças, geografia, historicidade...Enfim, passaram-se tantas coisas pela minha cabeça que ficaria impossível descrever todas.
Mas, uma das mais marcantes foi a sensação de que através da fala, da reprodução daquele conjunto de signos, símbolos, poderíamos desenhar personagens, como se fosse um desenho animado. Como se pudéssemos prever o estereótipo através do sotaque correspondente ao local.
O espanhol que se fala no Chile obviamente é diferente da Argentina, da Bolívia, do Uruguai... E, sinceramente, dá pra fechar os olhos e imaginar uma pessoa de pele levemente escura, com umas roupas meio grossas, de lã, andando em Lhamas, ou seja, o estereótipo do índio Mapuche.
O português do gaúcho é uma coisa mais fria, mais organizada, e sem tantos palavrões. Dá pra ver a "justeza" do gaúcho, a atenciosidade e a coragem também. Parece um gaúcho da fronteira, tocando um vanerão na "gaita" (pra gente sanfona).
O português do carioca bem arrastado, bem "que se foda", cheio de "x" e com muitos palavrões me faz pensar num cara moreno de praia, bermuda e havaianas, óculos de sol, andando arrastado por Madureira, por exemplo.
É tudo estereótipo, tudo senso comum, conhecimento basal... Que foi produzindo uma imagem, aos poucos construída com a associação dessas leituras culturais associadas à fala e à cultura. Isso aí que eu comecei a achar incrível.
E aí foi isso... Bons dias de flerte com o sotaque gostosíssimo de PoA e alguns momentos confusos com o espanhol chileno. E vou reclamar nada! Foi é muito bom.
Dessa quase uma semana, dá pra tirar lições de ouro: ainda tenho muito que ler sobre antropologia da linguagem... E também fazer um recorte menor, mais específico, da próxima vez.

E MAIS: pra quem não sacou a história da Langue e da Parole, por exemplo, aqui tem um linkzinho que vai ajudar um pouco a entender a linha inicial de raciocínio. Quanto a Energeia e Ergon, é quaaaaaaase quaaaaase a mesma coisa, dá pra entender melhor a relação aqui.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Desesperança

É tanta mágoa, é crueldade, é descaso, é tristeza, é angústia...
Acontece ao mesmo tempo, ou assim que um acaba, começa o outro.
Não tem mais liberdade, não tem mais dinheiro...Então não tem mais querer.
Não tem mais mãe, nem pai, não tem conexões com pessoas.
Não tem amor, não tem sexo, paixão ou tesão.
O pensamento frio, racional, ganhou do sentimento.
Não há nada que não seja lógico, exato ou aceitável.
Hoje a desesperança já pode acontecer.
Se tinha que ser a última a se ir, então que se vá.
Não há mais nada a se perder.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Brasileiro médio?

Ser brasileiro médio ou não o ser não quer significar nada mais e nada menos do que mais ou menos politizado, atento e participativo na sociedade, do ponto de vista político. Também não dá pra exigir que uma sociedade onde a globalização prevalece, a necessidade por tecnologia, velocidade de informação e praticidade é um apelo cada vez maior, e nem sei se devo chamar de apelo, pois mais me parece um grito exigente que torna a se repetir tamanha a necessidade da coisa.
A sociedade está se integrando, se apropriando de conceitos e comparando/conhecendo culturas com um vídeo, um link, um click. Dá pra cantar músicas do pop coreano sem ao menos saber o que representa aquilo pras pessoas de lá, como se fala o idioma e o que significa. Mas nada tão impossível de se descobrir também, basta dar um "google".
Então, nesse mundo tão informatizado e integrado, que te permite checar informações de toda a política externa, todas as cotações de todas as bolsas ao redor do mundo, suas expectativas, especulações, projeções, ou ainda te permite ver todas as mazelas do mundo, a fome, as guerras, os atentados, os crimes de ódio e mais tantas enumeras coisas que podemos fazer sem tirar nossas bundas de nossas cadeiras... Então, esse mundo aí, que funciona 24h virtualmente e está a disposição de muita gente, seja em casa, nas lan houses, ou seja lá como, é completamente novo, desconhecido e cresce exponencialmente. A velocidade é cada vez mais privilegiada, o conceito de ter substituído pelo ideal de ser, a quantidade é mais bem vista do que a qualidade, carreiras acadêmicas cada vez mais exigentes, onde há cada vez mais a necessidade do macro conhecimento sobre os microcosmos e micro assuntos que permeiam os corredores das nossas vãs filosofias, esse excesso de especializações é cada vez mais necessário. Passamos a viver em um mundo onde 140 caracteres definem muita coisa, ou nem isso.
Mensagens instantâneas são muito mais agradáveis do que e-mails longos, enfadonhos, por vezes incoerentes...porque, na minha opinião, até pra escrever bastante é preciso foco, e nem todo mundo tem tempo sobrando pra se perder com isso. Aliás, hoje em dia, qual o sentido de "time's money"?? Acho que chegamos no ponto "Money's time" da modernidade (ou pós-modernidade, como queiram, mas tenho uma ojeriza a essa palavra justamente porque dá pra se perder em seu significado, conceitos e sua representatividade...e cá pra nós eu não sou tão genial assim que meu conhecimento abarque com totalidade e clareza o termo).
Humildemente eu faço a seguinte reflexão: por que é, então, nessa sociedade tão modificada, que não quer pensar, só aglutinar informações; que não quer ler um livro, mas quer ler um blog; que quer saber muito de uma coisa só ao invés de algo sobre bastantes coisas; que quer ser coletivo no virtual, mas individual na realidade... eu teria que esperar um comportamento político completamente envolvido e engajado com as causas coletivas como em uma "polis" grega?
Acho que o engajamento acontece da mesma maneira, mas não é algo que una a todos. Os indivíduos, imersos em lixo cultural, em um bando de badulaques e adulações de acúmulo, propagadas pelos mesmos meios que proporcionam - ou proporcionavam - mais saber e entretenimento (rádio, depois televisão, depois internet, e depois só Deus sabe, ou melhor, só o Google sabe) não tem o menor pudor em se individualizar e saudar cada vez mais o capitalismo e dar graças a todas as maravilhas tecnológicas e inúteis que podem comprar, dão graças ao dinheiro, porque com ele se compra de um tudo, de sexo a pessoas, de um Nike a uma latinha de Coca-cola.
Essa discussão de valores não cabe a mim, que acho mesmo que cada um tem seu preço, e os que dizem que não o tem devem ser muito ilibados mesmo e viver uma vida bastante minimalista, com nada além do necessário. A discussão é: por que a sociedade tem que se comportar como os gregos em suas antigas "polis", que se reuniam frequentemente em torno de suas ágoras pra discutir seriamente a política vigente, as guerras, os senadores depostos, os eleitos? Tinha corrupção, a matança por poder era muito mais velada, mas nada declarada, mesmo em meio a república, ou a Res Publica, não existia a democracia como se vê hoje, aliás, se a gente for começar a pensar em democracia, acho que no nosso segundo reinado, lá com o Pedro II tínhamos mais políticos liberais do que com a instauração da república, desde aquela república que gostamos tando de chamar de velha, como se não prestasse mais, com marechais, espadas enferrujadas e canhões que eram lixo bélico europeu e só serviram de enfeite, passando pela era Vargas e seu fascismo velado, JK e sua megalomania com o lema de "50 anos em 5" que assustadoramente engana pessoas até hoje, a tão polêmica ditadura, e depois com a "redemocratização" até os dias atuais, com bandalheiras e achincalhes com o dinheiro público dos impostos. Aí fica aquele sentimento: poxa, mas é essa a democracia que eu quero MESMO? Com esse Judiciário frouxo e esse Executivo comprável desse jeito? Assim o Legislativo nunca vai mudar, nunca vai deixar de fazer altas farras com o dinheiro do "povo". Mas... Quem disse que todo mundo se importa com isso? As pessoas não TEM QUE se importar também, ué. Eu me importo, tu te importas, ele está cagando veementemente pro Brasil. E eu com isso?
Enfim... só acho uma falta de argumento e acúmulo a cerca do debate político - por mais irônico que isso soe - reclamar das pessoas que não se envolvem politicamente chamando-as de "brasileiros médios", como em uma tentativa de desqualificar o papel do cidadão que não se importa, como se ele fosse menos brasileiro, ou abaixo da média, um cara fora da "crème de lá crème" dessa hierarquia imaginária que uns intelectuerdas insistem em pregar e propagar pelas redes sociais afora. Isso é um ato falho, isso é pensar com uma corrente conservadora que acha, por exemplo, que índio tem que continuar no meio do mato andando nu e falando um idioma que a gente nem sabe o que é. Esse pensamento é digno dos políticos gregos, dos "cidadãos" gregos que definiam em suas discussões públicas os rumos da Polis. É pensar numa época onde não se tinha outro significada pra Política além de público. Era a época do pensamento macro, das induções...
A nossa era é moderna, não é mais antiguidade clássica. Aqui se tem individualismo, utilitarismo (meio mal aplicado), velocidade de informação, e um excesso de liberdade que pode acabar por desenfrear-se e perder-se o controle por completo - mas isso não é necessariamente uma coisa ruim, porque se até o caos tem uma ordem, uma regra, no Brasil não seria difícil não ter.
E, por incrível que pareça, a maioria dos que conheço virtualmente não vão ler isso. Mas, francamente, se você só escreve pensando em quantos vão ler, isso te faz um "brasileiro médio", né? Uma pessoa "acima da média" escreve com uma preocupação de quem vai ler, como vai ler e como será o debate.

sábado, 27 de agosto de 2011

Deixa

- Ela quer você. Já deu todos os indícios.
- Aham.
- Só isso? Não vai tomar atitude nenhuma?
- Não. Nunca soube fazer isso.
- Vai dizer que você é tímida?
- Não.
- Então não sabe chegar?
- Não...
- Não tá afim?
- Nãããããããão...
- Tá triste?
- Não!
- ENTÃO O QUE É, PORRA??
- Não sei usar.
- Usar o que?
- Alguém, um sentimento, um momento, a carne, sem compromisso, sem responsabilidade, assim, só por prazer, só por casualidade. Não sei usar.
- Ela foi embora agora...
- É, mas amanhã ela volta. Ela sabe onde me encontrar. E vai me procurar de novo, vai flertar comigo, vai me seduzir, vai me instigar, me convidar com aqueles olhos de leoa faminta, vai caminhar na minha frente como quem cerca a presa, vai chegar perto pra eu sentir o cheiro dela, vai me olhar bem dentro dos olhos e quase encostar nossas bocas, depois vai virar as costas, esperando que eu a siga.
- E você não segue.
- Claro que não.
- E também não corta de uma vez.
- Lógico que não!
- Você tá de brincadeira com ela...
- Não, é o contrário.
- Como você sabe?
- Porque ela me quer. Já deu todos os indícios.


Ás vezes é melhor deixar assim. Pra que falar? As coisas tem seu próprio curso na vida, é só deixar que cada uma delas siga o seu. Quer amar? Ame. Quer querer? Queira. Quer arder? Arda. Quer tentar? Tente. Quer seguir? Siga. Quer parar? Pare. Quer chorar? Chore. Quer viver? Viva. Nenhuma dessas coisas e muitas outras precisa de autorização pra acontecer.
É só seguir o fluxo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Uma mente cheia de...

TUDO!
É impressionante querer escrever e não fazer ideia de que, só me deixa mais e mais agoniada.
Quero falar da homofobia, das pessoas novas que conheci, da fé na vida e em mim que redescobri (mas sem parecer piegas nem discurso de livro de auto-ajuda), de amigos que cultivo e vez ou outra me surpreendem, de como eu queria entrar numas aulas de dança de salão pra dançar ritmos latinos, de como eu tô com saudade do jongo Folha de Amendoeira, de como eu queria viver na década de 40/50 do século passado em Mississipi, ou Georgia, ou Chicago, ou qualquer outro lugar cheio de clubes de blues e jazz, escondidos em qualquer porão, com jogatinas e mafiosos apostando, com suas donzelas...Como queria ser eu a cantora da noite, sentada em um piano, flertando com todos, fumando em piteira e bebendo um conhaque oferecido por um dos rapazes da platéia.
Como eu queria poder descrever uma luta de boxe de Mohamed Ali, ter medo da Cosa Nostra, ver Alcapone e seus capangas aterrorizando toda a cidade, sem nunca serem pegos.
Acho que só estou meio Blue. Amor é Blues... Calor é Blues... Frio é Blues... Falta de dinheiro é Blues... Alegria é Jazz.
Fiquei um tempo bom pensando nisso... Na exposição do Miles Davis que fui ver no CCBB, nas músicas, na doideira da época, nas drogas dos artistas, dos artistas das drogas. Viajei no tempo, e quando vi tava lá pensando em Janis Joplin e Jimi Hendrix.
Sempre tive essa veia musical exagerada. Na hora de fazer poema, de fazer música, de cantar, de subir num palco ou ficar numa quina de parede num boteco me mostrando e distraindo os ouvidos de todos. Sempre muito prazer em beber da noite, em me satisfazer com essa boêmia. Acho que é porque parece ser a única forma de extravasar essas inspirações que me acometem desde a adolescência. Me sinto meio Billie Holliday. Mas antes a influência era o rock, era um respingo da geração revoltada dos desmandos e falcatruas do governo. Uma geração que ainda gritava muito e que mobilizada multidões, sem facebook, tumblr, twitter, orkut, blog, etc... Era gostoso acordar pro colégio ouvindo a Rádio Cidade ou a Fluminense tocando um Whitesnake, um Ozzy, um Iron... Mas essas rádios acabaram, e eu fui apresentada ao Blues, ao Jazz, ao Samba, à Bossa Nova, aos Novos Baianos, e um monte de gente que me fez despertar pra um outro mundo. E foi aí que eu descobri o que era expandir seus horizontes. Entendi "the doors of perception" e o nome da banda também. Me juntei a um seleto grupo de jovens que eram tão NERDs quanto eu e que estavam descobrindo um mundo. Estávamos lendo Noite na Taverna, Dom Casmurro, O Cortiço, 1984, Revolução dos Bichos, Don Quixote... Estávamos discutindo essas coisas, e parecíamos querer disputar quem queria saber mais. Éramos uns dementes, que boicotavam o colégio, desparafusando cadeiras, cortando fios de telefone e provocando curtos-circuitos pra queimar bebedouros, enceradeiras, computadores, etc... porque não nos deixavam ter um grêmio, ou algo parecido. Porque as mensalidades eram altas e, apesar de sermos bolsistas, não concordávamos MESMO com os valores. No fundo, a gente só queria reclamar.
Nessa época aprendemos a beber, a fumar, descobrimos o que era maconha... E achávamos tudo muito colorido, diferente e aquilo nos fazia criaturas más, respeitadas. Colocar fogo em um quiosque de palha no colégio foi o ápice. Éramos NERDs e éramos maus. Acabamos com o bullying.
Queria escrever mais sobre essas coisas, mas toda vez que tento expor uma parte dessas memórias, minha mente embola, e começo a pensar em como eu queria ser feliz de outra forma, nas minhas crises de consciência, na minha "culpa católica" que faço questão de carregar e não consigo mesmo abandonar.
Esse negócio de pensar muito pra escrever nunca foi minha praia. Os textos têm que ser furacões, tem que ter vida, força, magia...E não tem que ficar corrigindo muito, nem ajeitando toda hora, substituindo frases, palavras, verbos, adjetivos. Afinal, você tá querendo escrever mesmo ou tá querendo esculpir uma ideia? Nunca gostei dos Parnasianos. Adoro os Românticos, Simbolistas, Modernistas...Mas pára por aí, porque de pós-modernidade minha cabeça já anda cheia. Falar pós-moderno parece xingar a mãe. É quando você ouve ateus respondendo "Deus me livre".
Essas coisas que me preenchem e que me inquietam são tão fortes, tão viscerais, que eu nunca sei sobre o que eu quero MESMO falar ou escrever. Gosto de tantas coisas, e tantas ao mesmo tempo, e são tão gostosas, que nunca me decido. Acabo parecendo não ter a menor coerência... E sei lá, mas acho que a minha loucura não deve ser entendida não, embora eu quisesse muito mesmo, pra tentar achar uns loucos que nem eu e poder discutir umas ideias doidas, umas músicas de uma mente cheia de...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Revolução

O amor é a maior revolução que poder-se-á fazer na humanidade. Uma revolução sem mortes e feridos. Uma revolução verdadeiramente pacifica. Uma revolução que compreende que existem dois caminhos pra responder a algo ofensivo: a vingança, que não te sacia e te coloca frente a baixeza de atitude do outro; ou o perdão, que te eleva e te poupa de conflitos futuros. Essa é a minha revolução, a das idéias, do diálogo e do AMOR, acima de tudo.

Tudo que é necessário, realmente, é que esse excesso de ódio espalhado na atualidade, nessa sociedade dita moderna, ou até mais do que isso, pós-moderna, se reduza a níveis ínfimos e que se converta em uma energia mais útil. É preciso que se construa novos cidadãos, com uma nova consciência. Precisa-se de uma nova juventude. Porque é dela que vai sair as novas mentes pensantes, os formadores de opinião, a massa crítica e também o senso comum de alguns anos a frente.

Não estou aqui enquanto militante, bradando frases de efeito e sacudindo bandeiras. Também não falo exclusivamente pelos crimes de ódio, como o racismo, a homofobia, a xenofobia, o neonazismo, dentre outros. Não falo apenas pela insistência em se repetir o velho padrão de submissão feminina, se propagando ainda com força com uma roupagem diferente, mais "moderna", que legitima que as mulheres esperem o homem tomar a frente e repassar essa educação à prole apenas por uma espécie de comodismo vindo da parte das próprias vítimas de tal coação, as mulheres. E não são poucas as ocasiões onde essas coisas ocorrem, infelizmente.

A mensagem é mais simples do que se pensa. Se fôssemos realmente civilizados, educados e pensantes como afirmamos, com tanto orgulho (e por conta disso nos auto-denominamos de "a espécie animal mais evoluída") saberíamos respeitar-nos enquanto seres humanos, acima, apesar e além de qualquer coisa, como etnia, gênero ou sexualidade. Ultimamente o nosso lado mais animalesco, o mais instistivo, é que tem estampado as manchetes de jornal. Mortes sem um propósito justificável, intolerâncias de todos os tipos... Em geral, o velho banho de sangue de sempre; violência, intolerância e preconceito pra todos os lados.

Não estou aqui pra enfatizar o velho e batido "amai-vos uns aos outros", embora seja uma boa verdade para os que acreditam em Deus. A mensagem é muito mais abrangente, e é tão simples, direta e objetiva que chega a ser complicado explicá-la.
RESPEITO deveria andar de mãos dadas com o BOM SENSO, mas como pedir os dois ao mesmo tempo de todas as pessoas é muito para a geração, se tivéssemos apenas um desses dois já seria o suficiente pra que a LIBERDADE andasse de mãos dadas à JUSTIÇA.A maior ironia disso tudo é que se essas palavras destacadas fossem pessoas, dado o gênero (masculino/feminino) de cada uma delas, seriam dois homens (respeito e bom senso) e duas mulheres (liberdade e justiça) andando de mãos dadas. Dois casais formados por pessoas de mesmo sexo. Imagine só se a gramática seguisse com rigidez os nossos comportamento sociais?? A comunicação certamente seria comprometida.

Então, pra não sermos injustos com a nossa língua mãe, e muito menos com outras pessoas, outros seres humanos, que tem problemas, qualidades, defeitos e sentimentos, como todo mundo, vamos repensar nossas atitudes, principalmente antes de colocar rótulos, afinal, não se trata de potes em uma prateleira, mas de indivíduos.
Antes de agir, pense.
Se não quer ser ferido, não fira. Respeite. As diferenças existem, sempre existiram e continuarão existindo independente da vontade de quem quer que seja, ou religião, ou conduta, ou valores morais próprios.

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las" - Voltaire

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Não quero saber das razões, nem quero saber das consequências. Não quero que ninguém me pergunte nada, porque eu não tenho a menor paciência pra explicar, pra responder.

Richard Brautigan disse uma vez que "as pessoas acreditam que amar a sua alma também lhes garante direito sobre o seu corpo". Hoje eu pensei nisso. Pensei na minha despedida, no corte desse cordão umbilical entre eu e a noite, pensei em como a minha vida era feliz, despreocupada, inconsequente,carpe diem e solitária. Pensei em como minha vida vai ser enfadonha, previsível, organizada, rotineira e solitária.

Odeio essas regras, esse sistema, essa vida pequeno burguesa chata pra caralho... Odeio ter que trabalhar e dizer sempre "sim" pra um cara hierarquicamente acima de mim, que detém os meios de produção e que é o responsável pela minha necessidade de acúmulo de capital e consumo de bens, de produtos e de tempo.

Odeio a necessidade de terminar um curso superior, e que eu tenha prazo pra isso, e a necessidade de ficar aqui, pra que isso termine. Eu gosto do que estudo, e vou amar muito minha profissão, mas odeio ter que ficar aqui 5 anos, parada, sem arriscar. Preciso conhecer outros mundos, outros lugares, outras pessoas.

Não quero viajar com data marcada pra voltar, não quero ter validade pra explorar, pra ser feliz, seja lá como eu escolhi ser. Não tô falando de amores, de sexo, de paixão... Foda-se o amor, na verdade. A gente só quer segurança, na verdade. A gente se identifica com alguém e projeta nele uma vida inteira de sonhos, planos e frustrações. Eu quero mais do que isso.

Quero me livrar desses conceitos mesquinhos e egoístas de monogamia, poligamia, casamento, civismo, politicamente correto, pacifista, tolerante... Por que existem palavras impublicáveis, "indizíveis", como aborto, incesto, pedofilia, sadomazoquismo, satanismo, ateísmo, estupro, aberrações da natureza (pessoas que nascem com 3 braços, duas cabeças, etc)? POr que não se pode tocar nesses assuntos? Todos somos um pouco bestiais, impossível controlar essa besta o tempo todo, uma hora ela sai, por um instante que seja. Opressão não resolve nada. Odeio isso, essas convenções, essas bobagens irrelevantes... Odeio controle.

E o que eu mais detesto e execro é reconhecer a necessidade desse controle. Essas regras malditas.

Sem elas tudo é caos, tudo é escória, tudo é barbárie, tudo é intenso, desinfreado, tudo raso, tudo luminoso... Muito sexo, regado a um verdadeiro banho de sangue.

Quando não é a violência, é o sexo, e uma começa quando a outra acaba, praticamente. O sexo é quase o objetivo final de felicidade, e o dinheiro também. Com dinheiro se compra sexo e companhia, mas não compra amor nem amizade... E depois que a ficha cai, a consequencia é a fuga, e pra acabar em violência não custa nada.

Escrevo, desordenadamente, com ódio.

Porque estou indo embora: em boa hora. E porque preciso ir, não quero, mas me sinto bem de ir, quando na verdade uma grande parte de mim só quer ficar e apodrecer aqui, nessa mesmice provinciana rodeada pelos ecos de idéias repetidas desse espírito acadêmico limitado pseudo-revolucionário que se espalha por toda a cidade.

Minha alma é livre, e meu corpo não comporta toda essa liberdade. Mesmo que eu a manifeste, ainda asism, será insuficiente. Se apenas contê-la é possível, então continuemos assim, por mais que eu deteste a stuação.

Talvez eu já não saiba mais o que estou falando, ou talvez não tenha a pretensão de saber.

Não querer explicar faz parte do plano.

Só quero curtir e ficar sozinha.

domingo, 26 de junho de 2011

Complicado.

É, hoje também foi mais um dia difícil.

Acordei do lado de uma mulher que me ama, e vagamente me percebi pensando em outra. Como eu queria que isso acabasse logo!

Namorei uma que, em crise, praticamente me ignorou e resistiu se entregar a mim por um bom tempo. Acho que meu jeito louco de ser ajudou um pouco pra que isso acontecesse. Bem, o fato é que eu tinha certezas, eu sofria, eu amava loucamente, eu fazia planos, pensei em casar! Mas aí tive muitos problemas que se embolaram, cresceram e só tranformaram a minha vida em um céu cinza, um sentimento de vazio e perplexidade como o fim de um genocídio, uma depressão que, por mais irônico que possa parecer, era causada pelas pessoas onde eu deveria ter encontrado forças pra me apoiar. Fiquei sozinha um tempo, preferi me lamentar da vida, curtir uma boa inércia, uma fossa. Tinha descoberto que pra quem não se adapta, existe a noite, a marginalização, vícios dos mais variados posíveis, labirintos e ciladas. Entrei em todos. Me enfiei em um novelo.

Aquele amor, que parecia tão forte, tão certo, agora estava completamente jogado às traças, envelhecido, empoeirado, na verdade desfeito. Esqueci que ainda amava aquela mulher incrível que me despertava tantas coisas, me fazia admirar e me provocava uma incerteza e uma angústia que não podem ser descritas.

E um belo dia... Eu tive uma miragem. Que era real, infelizmente.

Era a menina da sala de prova, de um ano e meio atrás, que sentou perto da janela, que deixava que o sol fizesse os cabelos dela (na época longos) saírem do castanho claro pro loiro, a dona do sorriso (mais) lindo. Ela me reconheceu. E eu achei que tinha ganhado na megasena acumulada. Começamos a conversar e fui me envolvendo, pela voz, pelos olhares, pelos gestos, pelo joguinho de sedução... E eu não aguentava mais ficar naquilo. Pedi pra que ela me acompanhasse ao banheiro. Não, não era banheiro, era o espaço entre dois carros em uma rua escura, porque o bar não nos permitia entrar a menos que pagássemos um couvert de 10 reais, ou seja, impossível pra realidade de universitários fudidos que saem pra beber com apenas 5 reais no bolso, ou nem isso. Fomos, primeiro eu, depois ela, e aí eu pensei “por que não? É óbvio que ela é lésbica!” e a partir desse raciocínio sugeri de ficarmos conversando perto dali, naquele escuro, o que foi acatado por ela, sem mais. No meio da conversa eu me arrisquei. Fui ousada pela primeira vez na vida em relação a uma mulher, na verdade, a uma ficada. Não sei chegar em mulher, nunca fiz isso, nunca foi preciso, e eu nunca quis tanto... Disse que estava morrendo de vontade de beijá-la, e deixei tudo desconsertante. Ela deu uma resposta meio blazè, como quem não queria responder, meio com vergonha, meio dizendo que sim... Então eu sorri e segurei seu rosto em minhas mãos e disse “já entendi”, beijando aquela boca tão desejada em seguida. O beijo foi incrível, senti fogos de artifício dentro de mim. Fazia tempo que um beijo não encaixava tão perfeitamente como aquele. E eu só conseguia pensar “uau!” e logo depois “quero mais”. Ficamos ali nos beijando por algum tempo. Deu pra reparar que somos da mesma altura, que os movimentos que a língua dela fazia na minha boca eram deliciosos e inevitavelmente eu pensei como experimentar aquela boca no resto do meu corpo deveria ser algo simplesmente maravilhoso. Reparei também no cheiro dela, no formato dos dentes, em como sugava meus lábios, e qual caminho que as mãos dela faziam pelo meu rosto, pela minha cintura, costas, pescoço, como segurou a minha nuca, enfim... estava em êxtase.

Naquele momento eu reconheci uma armadilha. Porque, como se um botão tivesse sido acionado, alguma coisa começou em mim, e isso não é conversa de gente romântica e sonhadora não. Depois disso dormimos juntas, passamos algum tempo juntas, ouvimos música juntas, cozinhamos juntas, andamos de bicicleta juntas, almoçamos com um casal de amigas dela, que hoje considero minhas também (e é uma das coisas mais incríveis que aconteceram desde que eu a conheci, ela realmente une amigos ao meu redor). Era uma paixão, uma coisa completamente louca, insana, e sem controle que estava se apoderando de mim. E eu não tinha sequer começado a conhecê-la.

Depois disso tivemos muitas conversas sérias, sempre eu ouvindo um sermão básico, e sempre me sentindo um lixo, aquela angústia que a gente sente quando percebe que a pessoa que a gente gosta tá insatisfeita que vem com um pensamento de “putz, fiz merda...” e eu nunca falando nada. Na verdade depois das conversas eu mudava, sempre atendia os pedidos dela. Ela quer ser livre, e não ter nenhum tipo de compromisso e/ou responsabilidade, quer se jogar, curtir, mas não quer ser intensa, quer ser gradual, porque se sente atrelada à sua ex de alguma maneira ainda e é forte demais pra ela simplesmente ignorar. Ela diz que não acredita em monogamia, que não está apaixonada por mim, e que qualquer tipo de relação formal ou informal a assusta, porque rotina não dá certo pra ela, ela odeia esperar que algo aconteça, não quer nada que não seja imprevisível, como ela. Ela é inconstante, é incontrolável, completamente louca e aleatória. Ela está aqui agora e daqui a um piscar de olhos já não está mais. Ela tem muitos amigos e confia em todos, o que nem sempre é bom, mas ela permanece nessa crença, porque é a crença dela. E disso não se pode duvidar, ela sabe ser amiga. A melhor e a maior amiga que você pode ter na vida, mas não conte com ela se não estiver com ela. Porque ela é escorregadia, ela não tem celular, não para em casa, não gosta de excesso de procura, adora a casa cheia mas anda sem saco de abrir o portão pros 357 amigos íntimos que tem. Faz tudo de bicicleta, se bobear até tomar banho, e usa shampoo de criança pra lavar o pouco cabelo, agora curtinho, que ostenta. Tem uma rede extremamente confortável, malabares, almofadas e um aquário cheio de peixinhos filhotes e outro com peixinhos dourados, dentre outros. Não pode ser chamada de vegetariana, mas também carnívora não é... curte alimentação viva, faz umas pastinhas de soja que são uma delícia e suco de luz (acho que se ela se esforçar, um dia vai acabar fazendo fotossíntese). Aliás, falando nisso, ela adora um mato, viveria enfurnada dentro de uma floresta, se pudesse, encarnaria o Mogli ou o Tarzan, se possível fosse. É virginiana extremamente bagunceira, com ascendente em gêmeos e quase bipolar, com enúmeras personalidades, por isso. Poucas pessoas sabem que o seu nome do meio é Rodrigues, e ela não sabe que esse sobrenome me faz tremer por dentro até hoje porque foi o da minha primeira grande paixão, daquelas devastadoras (como essa agora) na vida e que muito me fez chorar. Ela também tem duas tatuagens, uma um pouco assustadora, e outra que tem o mesmo significado que uma das minhas, ambas nas costas. Aliás, coincidências é o que não falta entre nós. Temos diversos, vários amigos em comum, aliás, boa parte deles.

É... Pra qualquer um pode parecer um furação, um trem desgovernado – e é, de fato – mas não pra mim. É deliciosamente perfeita. Mesmo com toda essa gama de contradições e inconstâncias. Mesmo me machucando profundamente em alguns momentos, é tão carinhosa e atenciosa comigo em outros que, sinceramente, fica difícil de desapegar. Aprendi a admirar ela do jeito que ela é... e é esse o problema. Ela me faz pensar em querer ter, e não em estar, em ser. Ela me induz ao sempre, mesmo eu querendo o agora. Eis o cerne da questão.

Eu não quero admitir pra mim mesma que estou apaixonada por ela, porque sei que ela não quer isso. Ela não quer que eu dê tudo, sem esforços. Quem me conquistar, quer me provocar, quer me enlouquecer (e consegue). Ela me faz perder o juízo, confesso. E desse jeito eu não páro de pensar nela um dia sequer, e entendo e aceito essa minha condição de bom grado. Se é o que posso ter, prefiro isso a não ter nada, nem a amizade dela, nem os ouvidos, nem os abraços.

Até então... Qualquer um pensaria “qual é o problema dessa louca? Ela se apaixonou por uma mulher livre até da liberdade, mas entende e aceita isso... então, qual é a dela?”. Então... Lembra da minha ex, né? Aquela mulher que eu amei, e que não se entregava, fugia de mim, dos sentimentos, da realidade, não dizia “eu te amo” ou “senti sua falta” e só falava que gostava de mim quando eu pertubava muito, etc. ELA VOLTOU. E voltou disposta a tudo, disposta a me assumir, a mudar, a fazer planos comigo, a casar, ter filhos, dizendo que me ama e muito, e que sente horrivelmente a minha falta e que não quer mais sair do meu lado e não vai me deixar fugir nunca mais. E, sinceramente, ela está me envolvendo, mexendo deverasmente comigo. Impossível resistir a uma mulher que ainda habita meus pensamentos se jogando aos meus pés, exatamente como eu fazia com ela, como eu sempre quis que ela também fizesse comigo.

O problema é trocar alianças, estabelecer um relacionamento sério, sem falar pra ela dessa outra que eu conheci e que me revolucionou por dentro. Seria ótimo que a que eu conheci depois estivesse tão perdida de amores como a minha ex/atual. Ou se nenhuma das duas existisse mais na minha vida. Não quero ter que escolher, quero as duas, e quero muito... Quero a vida ao lado da minha ex/atual, mas quero o furor da paixão, o frio na barriga e a tensão sexual que sinto com a mais recente.

Quero parar de pensar na recente quando estou com a antiga. Quero não me sentir culpada pela antiga quando estou com a recente. Quero os beijos, as mãos e o ardor sexual da recente no corpo e na experiência da antiga. Quero o carinho e os olhares muito sinceros da recente no amor que a antiga diz sentir. Quero a leveza, a liberdade, os sorrisos, as afinidades da recente nos momentos a sós incríveis e cuidadosamente planejados da antiga.

Eu realmente não quero escolher, não quero essa exclusividade, sei que dói na minha atual, mas dói em mim também. Queria poder me dedicar e me entregar a essa relação em 100% mas não consigo, não agora. Estou esperando me desiludir da outra, tentando não encontrar com ela, mas temos muitos amigos em comum, frequentando os mesmos lugares, quase todos... Eu inevitavelmente busco os olhares dela, e ela os meus, de alguma forma, se os percebe. Eu sou uma imbecil por fazer uma mulher, uma boa garota, que mantém a conversa polida e decente, que quer habitar a minha cama todas as noites e manhãs e quer um mundo seguro ao nosso redor, SOFRER. Não quero isso... Quero tomar um rumo da minha vida, me reerguer, me recuperar da bagunça que a minha vida virou esse primeiro semestre de 2011, e tentar ficar bem com ela... Mas não dá, simplesmente, há algo que me puxa, me arrasta e me empurra pra outra. É algo irracional e completamente avassalador, e que se eu não controlar, vai me fazer sucumbir, mais cedo ou mais tarde. É bem verdade que a recente me ajudou muito a ver as coisas de uma forma mais clara, honesta, e quase decente, e me fez querer se uma boa garota também, mas não posso sê-lo do lado dela, e muito menos quero cair do erro de esperar por ela, porque é o mesmo que esperar por algo que não vem, e eu sei que não vem. Se eu ficar com ela, vou perder um porto seguro que muito me encanta, respeita e ama, que é a minha atual.

Nunca me imaginei nessa situação: amando uma e apaixonada por outra. Com a mesma fúria e a mesma precisão cirúrgica.

Não desejo isso pra ninguém... Porque eu sei que desabafar isso com alguém é inviável, e escrever é a única coisa que me faz sentir um pouco melhor. Mas eu PRECISO publicar. E publicando eu sei que vou me prejudicar, de alguma maneira, mas era a única solução. É um jeito de desabafar e confessar ao mesmo tempo, de forma segura e objetiva.

Me desculpa, namorada. Acredite, eu te amo... Se não te amasse, não daria a mínima pro que você sente e não desejaria tanto consertar logo essa situação. Quero tocar minha vida, juro, mas no momento tá difícil. Não me deixa fraquejar, por favor. Sei que qualquer um que possa vir a ler isso vai dizer que sou uma cachorra, que eu não presto. Mas você sabe que não é assim. Sou louca, sou intensa, puramente romântica e sonhadora, daí a minha dificuldade de descartar essa menina da minha cabeça, do meu imaginário.

Namorada...só me perdoa. Por favor. Em algum momento.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Acreditar? Não...

Em que você acredita?

Em um Deus, em uma religião, em uma alucinação coletiva ou em forças místicas superiores e inexplicáveis que te fazem eximir a sua culpa com boas ações ou pedidos de desculpa a sei lá quem (ou o que) e que te fazem surtar em sua própria auto-crítica e mergulhar em um sentimento de que você, de alguma forma, vai prum inferno, ou qualquer outro lugar parecido onde padecerá ou como alma ou como corpo, ou como bicho, ou como uma corrente de energia desforme.

Acreditar em natureza, em equilíbrio natural, em justiça, em alguma coisa que te faça ver que toda a injustiça e sacanagem que acontece na sua frente, de alguma forma, tem que ser punida e que todas as feridas que já abriram na sua vida, no seu peito, na sua memória, de alguma forma vão cicatrizar e através de algum mecanismo desconhecido você será vingado.

Acreditar que a gente tem a incrível escolha de ser feliz e que a gente fica triste quando quer e porque quer... O que é, obviamente desdito por você mesmo quando alguém te faz sentir como um débil mental, e você só quer chorar e ficar em posição fetal por uns tempos.

Acreditar em feng-shui, em medicina ayurvédica, em kabbalah, em yoga, e achar que porque uma poltrona de cor diferente em um lugar diferente vai mudar completamente a sua vida, ou que ingerir altas doses de mel e gengibre vai te purificar e te afastar de doenças, ou controlar sua respiração e equilibrar o peso de todo seu corpo no dedão do pé e achar que dessa forma você estará são e saudável por todo o sempre.

Acreditar que sorte existe e vc tem muita e se sentir o máximo, ou ter nenhuma e se sentir um imbecil, ou ter uma moderada e se sentir afortunado apenas o necessário e na hora certa.

Acreditar em signos, em ascendente, em lua, em planeta regente, em elemento e resolver todo o futuro de uma pessoa com um mapa astral que diz o que ela é, o que foi e o que pode vir a ser com a exatidão doentia de quem tem o poder de decidir sua vida.

Acreditar em cartomante sem nem saber o que aqueles símbolos esquisitos com características medievais querem realmente dizer. Ou em cristais e achar que uma pequena pedra de cor meio rosa, meio vermelha vai abrir seu chakra coronário e assim você ganha disposição em dobro, ou em búzios e achar que um monte conchinhas viradas ou não vai te dizer o que fazer, ou borra de café que te faz pensar nesse líquido mágico que todo brasileiro adora, que pode ser até uma poção da juventude.

Acreditar em copo d'água, compasso, poltergeist, terapia de vidas passadas, e afins, que dizem ser o espírito de Getúlio Vargas, ou Emmanuel, ou que você foi Cleópatra em outras vidas, em outros mundos... Haja imaginação!

Acreditar na ciência, em fórmulas, leis, teoremas e axiomas que fazem sua vida virar um manual de produto eletrônico, uma receita de bolo, uma tese de dooutorado e que no final, existem muitos fatos, muitas verdades, mas uma certeza, que você, na sua ignorância mais profunda de vão filósofo desconhece.

Pra que acreditar em tanta parafernalha, se quando você acredita em uma pessoa, que é algo bem mais simples que todo esse aparato sobrenatural pra massagear seu próprio ego, ainda assim não tem certeza de nada sobre ela?

Quanto mais se acredita em tudo, mais se tem medo da morte, da punição, do destino (se ele existe), do acaso (se ele existe), enfim, de viver.

Acho que só dá pra acreditar, e com ressalvas, em si próprio.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sobre pássaros e lobos

Não queria que soubessem de nós, não mesmo.

Não queria saber de você. Não queria me sentir neutralizada pelo seu sorriso.

Não sei mais pensar em nada, só sentir.

E até quem não me conhece pode perceber.

Até quando eu leio jornal na fila do pão dá pra notar...

Que isso deve ser paixão. E que isso deve doer.

Um aroma de coração machucado, apertadinho.

Quando as coisas não andam boas, é no amor que a gente encontra refúgio, e é quando eu não me aguento em mim que mais quero correr pra você.

Mas se eu correr, nunca vou te alcançar, porque você voa. Pássaros sabem voar, Lobos não.

Caso com você quando meus olhos se sentem penetrar pelos teus. Depois descaso quando eles se vão.

E é disso que meu sentimento tem se bastado.

Mas, no fundo, não é nada disso que eu quero.

Quando eu te deixo, sinto sua falta. Seja por um ano, ou um passo de distância.

Eu não suporto mais essas separações.

Você não me pediu nada, não demorou nada, não teve esforço...

Eu te mostrei que podia te dar tudo que quisesse, porque você me mostou o mesmo.

Mas agora...é diferente.

Eu não quero ficar com você, não quero ir atrás de você, não quero te ver passar, não quero me intrometer na sua vida, com outras ou não.

Quero te esquecer, quero estar com alguém que quer estar ao meu lado, quero pensar na pessoa que me beija, que faz carinho, que acompanha meus dramas desde a adolescência. Quero a pessoa com quem não brigava nunca, que agora me ouve, e me ajuda... Não quero machucar essa pessoa.

Não quero que ela sinta em relação a mim o que eu sinto em relação a você.

Não quero estar apaixonada por você... Quero ficar livre.

E eu já não sei o que fazer, nem por onde ir, nem o que falar.

Acho que nada me traduz mais do que o silêncio. E a solidão. E o cansaço. E uma pitada de desilusão, que eu mesma construí e me apanhei, no final.

Lobos são sós. Tristes, ferozes, silenciosos, arredios, selvagens, mas ainda assim livres.

Um lobo depois de uma armadilha não é o mesmo. Não corre bem, não caça bem, não se esconde, se esgueira, se protege bem. Ele se dá ao sacrifício, dentro de sua prórpia tristeza. Sozinho. Vivendo como pode, esperando a morte chegar, como um consolo. Longe dos outros. Mais agressivo, sozinho, e distante como nunca.

Os pássaros são lindos... Cantam, voam, acham companheiros, vivem em grandes bandos, constroem seu ninho, tem uma prole e ainda assim vivem voando, com seus respectivos companheiros. São livres, mesmo acompanhados.

Lobos não se apaixonam por pássaros. Lobos são carnívoros... Pássaros, "vegetarianos". Não tem nada, em absoluto, que coincida nessas duas espécies.

A maior armadilha e a única que essa loba cai é essa. Essa espera, essa idealização, esse pulsar...

Eu que armo e eu que caio. Estupidez minha. Culpa minha. Sofrimento meu.

Uma hora isso passa.

O Lobo cicatriza e volta pra alcatéia.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Metafísica

Alguém me diga que eu estou louca, que eu pirei de vez, que eu tenho um problema psicológico qualquer...ou vários.

Alguém me convença que eu nunca amei, não estou amando e nem amarei ninguém nessa vida.

Alguém me diga que o que eu sinto é um incrível engano... Que essa pessoa não existe, que é tudo fruto da minha imaginação.

Alguém me pare, me faça parar de sentir, de pensar, de agir. Me façam parar de me apegar, de me entregar, de me apaixonar.

Alguém precisa me deter.

Alguém precisa me acordar desse sonho que vivo, e que não quero parar de viver. Me tirem desse transe, dessa avalanche de sensações, dessa loucura sutil e doce, que invadiu meu peito desde que aquele meteorito cruzou os céus com um brilho verde - que remete a esperança. Esperança... Quando eu achava que da minha vida não sairia mais nada, nada faria sentido, e ninguém conseguiria me tirar do meu amargo interior, dos meus pensamentos mais nefastos, dos meus dias mais negros, aconteceu.

Como um Big Bang, me arrebatou, me arrebentou e me estraçalhou. Aquele brilho verde da cauda do meteorito...

Alguém me faça ser sensata uma vez na vida, e não simplismente intensa.

Alguém me convença de não querer muito e tudo, de uma só vez.

Alguém me deixe perceber o tempo e dosá-lo com o passar do mesmo. Me deixa sair da minha carência, da minha solidão e racionalizar mais as coisas.

Como uma pessoa normal, que conhece outra, e vai conhecendo e se envolvendo gradativamente.

Por que o tempo não acompanha meus sentimentos? E por que meus sentimentos nunca acompanham o tempo?

Eu acabo me empolgando e assustando as pessoas, proporcionalmente. Primeiro uma felicidade estupidamente gigantesca, depois parece que colocaram fogo em uma floresta e só sobrou deserto, cinzas, fumaça e em cima disso fazem uma guerra. Alguém precisa me dizer como não fazer mais isso.

Alguém... Tem que haver alguém que me mostre como é ter paciência com o tempo, com as pessoas, e como é realmente importante que toda a construção de algo sólido seja lenta e equilibrada.

Alguém precisa me fazer parar de entrar em overdose de paixão.

Mas, caramba, como assim temos os mesmos amigos, frequentamos os mesmos lugares e nunca tínhamos nos visto antes?

Alguém tem que parar esse liquidificador no meu peito que acaba misturando as sensações com as emoções e faz a imagem dela virar vitamina pra vida. Suco de luz, talvez? Luz verde... Porque pra mim, desde a primeira vez, ela brilhava. Sentada ali, perto da janela, fazendo a prova, me desconcentrando, desconcertando e desorientando.

Alguém pare de nos mostrar coincidências e afinidades! Pare de me fazer acreditar em destino, em felicidade plena, em monogamia, em contrato social, contos de fadas, final feliz, sonhos...

Alguém tem que me fazer ver que eu não vivo um sonho, que pessoas têm defeitos, e eles não são tão lindos quanto eu penso e provavelmente em algum momento vão me magoar e/ou incomodar.

Alguém tem que frear essa necessidade de estar e de sentir, esse desejo carente de ser amada. Não é porque está tudo correndo bem que vai tudo correr bem sempre. Sempre...alguém precisa tirar isso do meu vocabulário. Preciso parar de pensar "pra sempre".

Pior é que dói, sempre dói. Porque eu me apaixono pela paixão, eu gosto de gostar e amo amar. E é isso que me sucumbe, me inspira, me corrói, me destrói e me nutre.

Espectativas... Alguém tem que me fazer parar com elas, definitivamente. Alguém precisa adormecer meu peito e anestesiar meu coração.

Alguém precisa me deter...mesmo.

Alguém, eu sei, deve existir esse alguém, em algum lugar, rindo de mim, me deixando louca, e com todos os segredos na manga, ou na cartola. Mas não quer falar, não vai me dizer, vai me deixar descobrir essas coisas sozinha.

Senão, eu vou acabar amando de novo... E não há tempo nem espaço nem sentimento suficiente pra isso. Não agora.

Odeio metafísica.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pluvial

Algo em mim morreu, acho que foi o coração.
Podre, solitário e vazio.
Cansou-se de esperar pelo amor que nunca veio.
E quando veio, passou.
Que nem nuvem escura depois que chove.
Passa e nem se sente,
Só depois que a chuva acaba
Que se percebe a força da água
E o que ela lavou.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Frui Anima

Aproveite a noite
Aproveite o dia
Aproveite tudo que a vida
Pode lhe mostrar
Pois com acertos a gente ri
Com erros a gente aprende
E amores, na boemia,
Nunca hão de faltar.
Não importa o quanto durem
Não importa o quanto lembrem
Não importa nem o que vão realizar.
O que importa é que dessa vida louca
Por mais que hajam consequencias
Só na hora certa é que vão chegar.
Tudo se encaixa nessa vida
Independente de como vai combinar
Todas as intempéries
Até então desconhecidas
Um dia todos hão de provar.
Porque a vida não é feita de certezas
Mas sim de momentos
Que aparecem casuais no destino
De quem está disposto provar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Confesso

Não acho que escrever em blog seja um bom lugar pra declarações amorosas, muito embora já tenha feito esse tipo de coisa antes.
Não sei o que dizer.
Não tenho vontade de gastar poesia com alguém que nem sequer consegue sentir vontade de ser romântica ao menos uma vez que seja. Que tipo de pessoa realista, e em partes cruel por isso, pode se sentir de fato comovida com meu jogo de palavras? Ou com o que fica atrás daquele duplo sentido? Não ela.
É o tipo de mulher que acha bonito e curte as poesias, mas não sente.
É uma mulher, de fato. Mais velha, estável e sossegada. Possui uma paz que não pertence nem a ela própria. Uma carga de responsabilidade que esmagaria muita gente. Mas é fechada.
Não dá muito valor as coisas que eu falo, mas dá mais atenção do que valor.
Também não presta muita atenção nas coisas ao seu redor, dirige mal, e consegue ser muito mais teimosa do que eu. Às vezes é incoerente. Tímida, rígida, me parece desconfortável comigo de vez em quando.
Olhando assim, parece que ela é uma criatura horrível, né?
Mas eu não consigo ver nenhum defeito (que não seja a teimosia) nela.
Quando sorri me encanta, quando me beija me derrete, quando escuto a sua voz me deixa feliz (na maior parte das vezes). Na verdade mesmo, quando sinto ela por perto, me dou por satisfeita. Quando dormimos juntas é acolhedor e quando acordo e vejo que ela está lá, é perfeito.
Posso fazer o que? Sou apaixonada sim. E amo.
Por mais que eu diga que não me incomodo com isso, sinto falta de demonstrações de afeto, sinto falta de me sentir livre, sem culpa, a vontade. Falta um pouco disso quando estou com ela. Não acho que é necessário sair pelas ruas dando beijos e agarros, mas não vejo problema em andar de mãos dadas com a pessoa que eu amo pelas ruas, por exemplo. Também não consigo ver problema em olhar nos olhos dela e fazer um carinho no rosto em público. Não consigo entender qual o problema de demonstrar meus sentimentos por uma pessoa de forma afetuoso - e nada chocante - de forma pública, porque, quando estou com ela fico tão feliz, tão radiante, que só penso em deixar claro pra todos a forma como me sinto realizada ao lado de uma pessoa que eu escolhi - e que por sorte me escolheu também.
Não dá pra ser feliz escondendo o que se sente...
Acho que isso é uma das coisas que mais me deixa insegura nisso tudo...além dos fatores óbvios causados por todas as diferenças que nos envolvem.
Quero ter forças sozinha pra aprender a lidar com isso. Mas não tenho. Preciso dela.
Só ela é capaz de me destruir com um silêncio e de me fazer sentir gigantesca com um sorriso.
Seria ótimo que ela se soltasse mais, mas por outro lado, será que eu não estou pedindo demais? Mas, pensando bem, é justo comigo mesma me sentir insegura e apreensiva por conta dela?
Não sei mais o que pensar.
Não sei o que dizer, continuo sem ter certeza das coisas...
Era pra ser uma declaração, mas não me saí muito bem.
E peço desculpas por isso.
Só... Amo essa mulher. E isso é motivo suficiente pra perder a cabeça várias vezes.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Carta apaixonada

Bambina,

Acordei hoje sentindo seu cheiro, ouvindo a sua voz, e tocando sua boca com meus labios molhados de desejo de te ter.

Acordei hoje sentindo sua ausência, lembrando do seu rosto, querendo mais uma vez ter você perto de mim.

Será? Que essa necessidade de te ver, de te sentir e de te tocar vai, a cada dia que passa, continuará me embreagando com esse desejo louco de te amar de novo?

Será que nunca vai passar? Dizem que o tempo cura, e que a distância faz com que tudo se torne parte do passado.

Dizem que um amor cura o outro, mas se este amor ainda não foi vivido por completo, será que tem cura?

Cura para um momento infinito que me faz pensar que serei escrava desse sentimento que ainda não pude sentir por completo?

Será que eu posso esperar o tempo passar? Ou será muito tarde? A minha juventude se foi, o tempo é meu inimigo.

O que sei é que gostaria hoje de ter preparado cafe da manhã, e fazeito amor com você apaixonadamente de novo.

Saudades suas...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Angelica

Se eu te cantar

As contas do seu colar

E as luzes do seu olhar

A boca macia sua

Juntar-se-á a minha

Doce sutileza

De menina-anjo

De tanto anjear

Purifica

Conquista

E acalma

O meu coração de bate-bater

Por amor, paixão ou sei-que-lá-mais

Bate asas anjo lindo

Deixa saudade e um sonho

E uma Lua pra tentar tocar

E um crepúsculo pra admirar

Toca harpa e faz arpejos

Que no acordear vai me preencher

De som, de fúria e contentamento

E a constante inconstância

Desse meu vão pensamento

É uma visão, um deslumbre

Que no meu sorriso se encontra

E no horizonte se perde

E na imaginação

Não passa de um fulgás

Alumbramento.

Escrito aos 16

Habitantes das sombras,
Espíritos das trevas se alimentando do corpo e sangue humanos,
Livres, circulando por todo o interior destes,
Ratos, se aproveitando das boas horas
Onde os humanos se demonstram serem mais imbecis
Não sabem nada a respeito de si próprios
São todos uns assassinos egocêntricos
Seres humanos se acham supremos
Acham mesmo que podem tudo contra todos
Contra seus iguais, inclusive
Para saciar seus desejos
Por mais promíscuos ou lúdicos que sejam
Querem ser deuses, gigantes...
Também sou parte da contrução "homem"
E não me orgulho disso.
Meio monstro, meio anjo
Minha função é a destruição
Dos diferentes, dos iguais e do desconhecido.
Estes monstros não são os que procuro.
Estes são escravos.
A verdade ameaça e está contida dentro desses escravos.
Trindade obscura, que ninguém se atreve a desvendar por completo:
Alma, Razão e Emoção.
Conflitam entre si
Juntas movem universos, tranformam, criam, obliteram...
Uma arma, imbatível.
O único ponto fraco dessa tríade é o medo.
Todos temos.
Em diferentes intensidades,
Com diferentes focos,
Mas temos.
Não há o que fazer, não tem como combater, impedir ou estagnar.
Não se perde o medo.
No máximo nos apoiamos nele para justificar uma série de atos falhos,
Repressão, timidez, depressão, fragilidade, violência, revolta, ódio, arrependimento...
Se pudesse fazer uma escolha, uma que fosse
Mudaria minha condição humana
Pra inanimada.
Quem muito pensa, sente menos, aumenta a intensidade do mundo ao seu redor,
E consequentemente não pode ser feliz.
E que vida é essa de infelicidade em que somos jogados sem escolha ao nascer?
Momentos felizes é tudo o que se pode esperar da breve existência humana.
O resto é falha e desilusão,
Pra gerar uma pretensa necessidade de amor, volta por cima e estabilidade.
A felicidade da busca, o equilíbrio...
É uma grande mentira.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Picante

Quero queimar no seu toque
Sentir prazer incendiar minha mente,
Embaçando as vidraças,
Arranhando minha voz,
Sufocando minha respiração,
Derretendo meu corpo,
Me sentir transpirando, quente.
Me deixa arder no seu fogo
Virar cinzas depois do prazer.
Me deixa consumir todo seu ar
Pra depois me apagar.
É nessa fogueira que quero queimar
Pelo crime de te desejar
Desse jeito tão carnal,
Sujo e visceral.
Não há depois, não há poesia.
Existe o agora, e o que eu quero.
Quero colocar lenha na fogueira,
Ver o circo pegar fogo,
Quero deitar na cama e mergulhar na fama.
Quero ser sua.
Quero te amar, mas não tanto além desse quadrado acolchoado.
No chão, nas paredes...
Todos os cômodos
Tudo o que o fogo pode - e vai - lamber
Mais que minha língua de pimenta
Branca, Preta, Malagueta, Rabañero, Chilli...
Todas não ardem mais do que meu beijo.
Como um vulcão,
Espalhando magma por todos os lados
Em forma de lava e braços
Por todo o quarto.
E só deixar a temperatura subir
E permitir nossos sentidos entrarem em ebulição
Como absinto com laudênio derretido.
O veneno que queima e consome, como o fogo.
E hoje, quero sentir queimar,
Quero ser pimenta, quero ser ardor, quero ser calor
Quero desvanescer, desidratar, queimar
Quero erupcionar, quero explodir
Quero você.
Mais quente impossível.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lá pelos anos 30...

Entrei pela porta velha, depois de descer as escadas que levavam ao porão, onde a diversão realmente começava.
O cheiro de álcool misturava-se com o aroma de cada cigarro e charuto entre os dedos de alguns. Tinha um cheiro maior que isso. Era doce, era luxúria. Uma boemia que não deixava nenhuma mulher deixar de sorrir com lascívia e nenhum homem olhar sem malícia.
No bar Ed fazia o combustível da noite, em forma de vários drinks, e com uma habilidade espantosa.
- Ei, boneca! Seu vestido diminui a cada vez que te vejo.
- Quando eu estiver sem ele pra você, me avise para que eu tire o resto.
Algumas risadas, e meu whisky já estava na minha frente, com pouco gelo. Na medida certa, como só o Ed sabe.
- Vai cantar o que hoje, boneca?
- O que meu coração mandar e meu ventre desejar.
- Então vai ser delicioso, não?
- Como sempre, Ed... Como sempre será.
Tiro minhas luvas, acendo meu cigarro. O aroma lembra canela, assim como o gosto.
A ruiva chega, e senta-se na mesa já separada pra ela. Nenhuma de nós éramos importunadas, por mais que o ambiente fosse essencialmente masculino, e machista. A ruiva era muito respeitada, até por ser uma autêntica contraventora. Ela usava calças constantemente, aliás, acho que nunca a vi de vestido. Seu cabelo não era loiro, como o da maioria das mulheres. Ela não era desse país, provavelmente França, ou Inglaterra?
Ela me instigava, confesso. Poderia me desconcentrar completamente se ela me olhasse com aqueles olhos verdes.
- Chegou minha hora, Ed.
- Vai lá, boneca, divirta-nos.
E subi no palco, mais uma vez, levando meu cigarro e meu whisky. Ela sempre ia me ver cantar, sempre me olhava fixamente, e eu me sentia como uma presa de animal carnívoro, mas não tinha medo de ser devorada. Aliás, esse sentimento era o que mais me confundia.
Fui anunciada pelo meu pianista querido. E logo comecei a cantar... Nessa época, o que mais se ouvia às escuras era a música de negro, o jazz e o blues. Eu não gostava muito desse rótulo, mas era assim que as pessoas se referiam ao ritmo.
Gostava de ser uma branca que cantava como negra, isso me envaidecia, e os homens sempre me elogiavam muito. Ganhava todo tipo de presentes, convites, propostas e admiradores. Mas não me satisfazia com nada disso. Pra mim era um jogo. Meu único amigo era mesmo o Ed.
Aquela ruiva, da qual nem sabia o nome, era o meu mistério, o que eu queria desvendar. Era o que me mantinha ainda cantando nessa espelunca clandestina no sul de New Orleans.
Começo a música... Todos sentem o grave do contra-baixo, o piano sofrendo, o saxofone chorando e a minha voz...doendo. Provocando uma dor bela e macia. Nos tons mais graves, nos mais altos, ela sempre me olha, e me sorri. Praticamente me cobiça o tempo todo.
Depois de duas músicas, começo a andar pelas mesas, enquanto canto. Passo pela mesa dela, não tenho a menor coragem de lhe tocar as mãos, nem sentar no colo, nem flertar, porque sei que posso perder o fôlego, desafinar. Acho melhor só beber sua bebida.... E depois sair com um olhar escorregadio por cima dos ombros. Ela adora.
Deve ser a décima noite que ela vem aqui, pra me ver cantar. Ela senta no mesmo lugar, pede a mesma bebida, fuma o mesmo cigarro, os mesmos gestos...Parece querer me testar, esperando alguma reação minha, e eu esperando algum sinal dela.
Volto pro palco, canto mais meia dúzia de músicas até o meu primeiro descanso. Desço de lá ovacionada, sorrio como retribuição, mas não vejo a ruiva, isso me deixa um pouco decepcionada.
- Ed, o que achou de hoje?
- Que a cada noite sua voz fica melhor.
- Eu não esperava menos de você.
- Eu também não.
Nesse momento, me viro pra saber quem disse isso. Encontro os olhos verdes da ruiva encarando os meus em uma distancia que me deixa nervosa, e bem atrás de mim. Não tive reação, mas sabia que deveria dizer alguma coisa.
- Obrigada. Até onde eu saiba nunca tinha recebido um elogio seu. A que devo a lisonja?
- Ao gim. Se não fosse por ele, ia continuar sem coragem de te elogiar pessoalmente e de tão perto.
- Então façamos um brinde ao gim! Ed, dois desses pra nós!
Em segundos estávamos virando os copos... E era a hora de saber o nome daquela ruiva misteriosa.
- Brindamos e eu sequer sei seu nome. Que falta de educação a minha, não? Eu sou Barbara, Barbara Edmond, mas todos, assim como você, só me conhecem por Billie.
- Bem, eu não subo no palco todas as noites, então prezumo que nunca tenha ouvido falar de mim. Sou Evelyn Jamison, mas costumam me chamar de Ninny.
- Muito prazer, desconhecida.
A partir daquele momento meus pensamentos confusos já tinham nome, sobrenome e apelido. Ela vinha ali pra me olhar e eu vinha reparando isso há tempos. O que importava se eu estava com medo? Eu estava com vontade de estar ali, e descobrir que tipo de sensação era essa. Minha vida era muito desequilibrada, completamente notívaga e boêmia. Os homens que me viam e me desejavam eram ricos, mas nenhum deles deixaria essa vida por um casamento. Nenhum deles queria casar comigo por me amar, mas pra me ter, pra me transformar em propriedade e empregada. Muitas mulheres aceitariam viver dessa forma, mas eu era diferente nesse ponto.
Talvez fosse por isso que estava tão intrigada com essa nova sensação. E não tinha medo, apesar de tudo me dizer que era aparentemente ruim, não fazia sentido fugir disso.

Depois voltei a cantar, Ninny voltou pra mesa. No final da noite, recebi algumas flores, propostas e insinuações de alguns homens, o que era normal.
- Ed, se livre dessas flores e cartões pra mim, ok?
- Não sei como você consegue ser assim e eles continuarem se arrastando por você, boneca.
- É o segredo: ignorar.
- Jamais conseguiria ignorar uma mulher linda e que canta tão bem.
- Por isso sempre está ao meu lado, seja inteligente e preserve minha companhia, e não deseje meu sexo como todos os outros, tudo bem, Ed?
- Claro... Posso dar as flores pra uma moça?
- Desde que ela não saiba de onde elas vêm... Por que não?
Ed estava saindo com uma menina que raramente aparecia no porão. Ela era camareira em um hotel ali perto, era uma mesmo menina ainda, muito pura pra ser maculada por aquele ambiente. E apesar de tudo, Ed servia pra ela. Era um bom rapaz, com todas as brincadeiras e indiretas, era o único que tinha a consideração de me ouvir, e me entendia pelo olhar. Era um rapaz digno.
Me despedi de Ed, peguei minhas luvas e meu trench coat, e fui subindo as escadas. Ninny tinha desaparecido enquanto falava com Ed. Não entendi porque, mas senti um aperto, como quem sente falta e lamenta, por não ter saído dali com ela.
Depois de subir as escadas, agradecer e receber meu pagamento, fui pra casa, e assim que atravesso a rua, uma surpresa.
- Achei que já tinha ido, Ninny.
- Na verdade eu só vim oferecer uma carona pra você.
- Não sabia que você dririgia.
- Nada oficial, mas até dirijo bem. Então, aceita?
- Moro perto, mas aceito. Pelo menos não me acusa de não ser educada.
Pude ouvir sua risada, e como esse som mexeu comigo. Me deu satisfação instantânea.
Não demorou muito e chegamos na minha casa. Modesta, pequena, um pouco desorganizada e quase sem móveis ou alimento dentro da geladeira. Mas tinha algumas bebidas.
- Bem, já que me trouxe até aqui, por que não entra e me acompanha em mais um brinde?
- Vou aceitar logo, antes que você mude de idéia.
Entramos, e pedi desculpas pela bagunça, e estava mesmo de doer. Não sabia o que queria com ela ali, na minha casa, bebendo comigo, mas queria que ela estivesse ali, de qualquer maneira. Aquelas calças, as mãos no volante do carro enquanto dirigia...era tudo tão novo, e excitante!
Achei um restinho de gim numa garrafa perdida em um canto da cozinha, enchi dois copos pela metade e levei pra sala, onde ela me esperava encostada na poltrona, de pernas cruzadas, parecia estar a vontade, apesar da desarrumação. Pegamos os copos, ela levantou e brindamos.
- Um brinde a quê?
Nesse momento o sorriso dela ficou sério. Os olhos dela pareciam penetrar em mim e eu senti um magnetismo fora do normal me puxando pra dentro daqueles olhos, minha boca estava quente, queria tocar os lábios dela. Queria sentir o toque, a língua. Fomos nos aproximando lentamente. eu fechei os olhos, a minha respiração estava arfante.
Os copos caíram, os olhos fechados, os lábios se massageando, as línguas dançavam, era tudo perfeito. Por um momento me senti estranha, mas depois tudo parecia ser normal, tudo me pareceu normal, eu não pensava como os outros, eu só sentia.
Ela foi se apossando do meu corpo, e quando percebi, meu vestido estava no chão, minha meia calça com fios repuxados, e tudo que eu queria era sentir a minha nudez na nudez dela. Queria ouvir a conversa entre os nossos corpos, queria sentir meu corpo vibrando e queimando como já estava.
Essa noite nos entregamos uma a outra, e eu permiti que ela fizesse de mim o que quisesse, porque a minha curiosidade e vontade eram maiores do que meu instinto de preservação.
Não me arrependo... Porque nessa noite foi onde eu conheci o sentido de apaixonar-se, quando me senti tomada por algo maior que qualquer sentimento passageiro. A impressão era que isso não ia passar. E não passou. Mesmo depois de tanto tempo, ainda posso vê-la enquanto canto, ainda posso dormir com ela em minha cama e sentí-la em toda a sua completude. E sei que quando amanhecer ela vai estar lá, e no entardecer vou poder olhá-la.
O tempo passou, desde então... E todos os dias de Ninny e Billie são tão bons e intensos quanto o primeiro. Uns mais fortes, outros nem tanto, mas sempre intensos e repletos... Repletos de tudo.

Reconhecimento

Conversa despojada em casa:

-Filha, você vai pra rua hoje?
-Não sei pai, tô com preguiça...
-Ah, ia pedir pra você passar na padaria e trazer pão...
-Até parece que ela volta a tempo de encontrar a padaria aberta! [mãe, começando um esporro]
-Ué, vai que ela volta na hora que estiver abrindo?

BOOOOOOA PAI!
Agora sim posso dizer que vc começou a pegar o jeito da coisa.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Regra, controle...

Citando e recitando um escrito que encontrei no blog da Drix, sempre querida.

Assim como não há paraíso que não seja um pouco monótono, não há inferno que seja um pouco excitante. Ou muito excitante. O diabo tenta, o diabo incomoda, o diabo perturba, o diabo veste Prada. Os bonzinhos são ótimos mas tem um guarda roupa neutro demais.

Martha Medeiros

E é por isso que a gente vive fugindo das tentações: contrato social.
Não que estabelecer uma relação de confiança, respeito e responsabilidade não seja bom, muito pelo contrário. Mas precisa ser algo certo, justo, e algo de que não vamos no arrepender. Ainda assim será um sacrifício, mas concerteza vai valer a pena.
Mas é muito bizarro pensar que em virtude de um comportamento social aceitável somos obrigados a recolher nossos desejos a nós mesmos e evitar a nossa própria liberdade. E quando não conseguimos nos aguentar, sucumbimos às nossas vontades, é melhor esconder, se furtar da liberdade de sermos o que somos, pra não gerar comoções externas.
Me pergunto até onde vai a capacidade humana de se enganar.
Pra que viver assim?
Seria muito bom se todos tivéssemos o mesmo nível de bom senso, e que esse nível fosse bem alto. Que todos fossemos minimamente críticos, e não massa em sua grande maioria.
Mas se isso acontecesse...Eu ia trabalhar em que?

A única explicação para não vivermos a nossa liberdade é que não sabemos como lidar com ela, não temos uma boa relação com a ausência de regras coletivas. Porque seja pra brasileiros ou japoneses, ou qualquer outro povo, liberdade demais, sempre se degenera em libertinagem, em "anarquia", na acepção mais errônea do termo (como sinônimo de bagunça).
As regras sociais são necessárias pra se ter controle...
São sempre as mesmas perguntas que me faço: por que controle e para que controle?
Não consigo responder, só divagar. Bem devagar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dois Dias

Sinto falta das meninas
Do barulho, dos risos
Do silêncio quando se estuda
Saudades do bater de teclas
Os olhares, os segredos
As confissões, as brigas
Os empréstimos, os abraços
As implicâncias, as fofocas
Todos os miojos, em todas as modalidades
Todas as dietas super rigorosas
Todas as gírias e sotaques diversos
São minha família e minha casa
Na maior parte do tempo
Não conheço todas,
Nem sei se precisa.
A casa está incrustada em minha memória
A ausência de privacidade, de espaço na geladeira
Os cachorros, a goiabeira na janela da sala de estudos
Cada mínimo detalhe
Dessa vida universitária comum
E demorou apenas um final de semana
Pra que eu me desse conta disso.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Espero...

Vai
Sem duvidar
Mas
Se ainda
Faz sentido
Vem
Até se for
Bem no final
Será mais lindo
Como a canção
Que um dia fiz
Pra te brindar.

Pra dizer que nunca falei de flores, de canções, de amores.
Pra você não reclamar que não te conto meu dia
Ou que não ligo, não apareço, não te procuro.
Pra não se sentir esquecida ou menos importante.
Pra olhar nos meus olhos e não dizer que não vê brilho
Nem amor, nem calor.
Pra não me esquecer
Nem por outra em meu lugar.

Hoje sinto mais intensamente seu desprezo, seu silêncio, sua preocupação.
Seu descaso, seu carinho, sua atenção.
Percebo mais seu humor e sua dor.
Seu sorriso fala comigo agora.
Seu toque, seus olhares...
Até mesmo as palavras que escolhe e o espaço de tempo entre elas
O silêncio que produz...
Em tudo vejo você.
E não sei mais te amar menos.
E quando penso que é impossível amar mais,
Fecho os olhos e descubro que nem comecei ainda.

Ah, mas sempre fica uma vontade...
Quem me dera ouvir isso de você!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Escrito aos 15

Quase real, querida Raekel...

Faz frio agora.
Escrevo pela força de minha saudade.
Nada mais me motiva a não ser a esperança de uma dia ter você ao alcance das minhas mãos.
Eu matei você, não me arrependo.
Mas não posso me acostumar com essa idéia de ter te perdido pra sempre.
Você está viva dentro da minha mente, impressa em minhas retinas.
Não sei mais a quem matar...Você já se foi. E, se te consola, você foi a minha predileta, a mais desejada, e a mais prazerosa morte.
O frio continua.
Estou na escrivaninha, em frente a janela de madeira onde você adorava ver as rosas do seu jardim, tão lindas e cheirosas quanto você. E os eucaliptos valsando a cada brisa que os tocava, e o vento que vinha com cheiro de pinho bagunçar o seu cabelo.
Estou vendo o mundo da forma como você sempre me pediu para que visse.
A cada hora mergulho mais na noite, e o vento traz um frio cada vez mais cortante e cruel.
Sinto falta da sua risada irritante, mais parecia um ganido de cadela. Minha cadela no cio.
Eu te batia quando você ria, os ganidos aumentavam e você achava lindo cada movimento brusco e a força.
Vinha a vontade de trepar. Ouvir seus gemidos, seus gritos, sentir seus arranhões, seu choro...Era tudo intenso demais. Minha cadela no cio. Minha melhor coisa no mundo.
Era assim sempre: bater e trepar.
Quando eu conseguia me satisfazer, você me abraçava, dizia que não queria me deixar nunca, e sempre me cortava, depois de todos os arranhões. Só você pra aumentar meu prazer, como se fosse possível.
Lembro que você preferia as costas e as pernas.
Vou pegar um casado, o frio está cada vez pior.
Eu amava você, mas você é insuportável.
Ainda tenho um pouco d seu sangue guardado comigo. Tive vontade de beber com vinho, mas coloquei na seringa. Sei que vou morrer como você... Soro-positivo.
O que sobra do seu sangue está correndo em minhas veias, e é para sua irmã hoje, a suave Trezah. Brindarei a esse momento com seu sangue.
O momento em que sua conservada virgindade será tirada, por mim, da pior maneira possível.
Ela não gosta de nenhum homem, mas gosta de mim, sempre gostou, desde antes de você.
Como pode ela ser tão mais velha que você, tão mais nova que eu e tão diferente de nós, Raekel?
Sou atraente, pelo menos, não acha?
A mim ela há de querer, e querer como se fosse o último, porque serei. O primeiro e o último.
Terei seu corpo, seu calor, seu espírito, seu sangue e sua preciosa juventude em minhas mãos.
Ela fenecerá por mim, e mais ninguém.
o brinde...Isso é irrecusável.
Marquei com ela meianoite...ela está atrasada.
Será que ela vem mesmo, Raekel?
Assim que ela chegar, vou realizar todos os meus pensamentos.
Sua família acabou, só sobrou ela e o Aznar. Ele deve estar morto agora, sem dúvidas, se o que mandei foi executado com precisão. Ela vai partir daqui a pouco, assim que chegar.
Minha diversão acaba, e meu amor não encontrará mais nenhuma a quem defenestrar. Não terei o que fazer mais em vida.
Espero te encontrar no inferno, querida.
Eu te amei um dia, queria que todos soubessem, dos anjos aos capetas.
Te amei através, apesar e além da vida...E da morte, e de todo e qualquer tipo de amor, ódio, ou qualquer outro sentimento.
Está frio demais, hora de fechar a janela e deixar a lareira aquecer o quarto.
Alguém bate a porta.
Sua irmã chegou.

Do seu eterno amante.
Ftás.