sábado, 27 de agosto de 2011

Deixa

- Ela quer você. Já deu todos os indícios.
- Aham.
- Só isso? Não vai tomar atitude nenhuma?
- Não. Nunca soube fazer isso.
- Vai dizer que você é tímida?
- Não.
- Então não sabe chegar?
- Não...
- Não tá afim?
- Nãããããããão...
- Tá triste?
- Não!
- ENTÃO O QUE É, PORRA??
- Não sei usar.
- Usar o que?
- Alguém, um sentimento, um momento, a carne, sem compromisso, sem responsabilidade, assim, só por prazer, só por casualidade. Não sei usar.
- Ela foi embora agora...
- É, mas amanhã ela volta. Ela sabe onde me encontrar. E vai me procurar de novo, vai flertar comigo, vai me seduzir, vai me instigar, me convidar com aqueles olhos de leoa faminta, vai caminhar na minha frente como quem cerca a presa, vai chegar perto pra eu sentir o cheiro dela, vai me olhar bem dentro dos olhos e quase encostar nossas bocas, depois vai virar as costas, esperando que eu a siga.
- E você não segue.
- Claro que não.
- E também não corta de uma vez.
- Lógico que não!
- Você tá de brincadeira com ela...
- Não, é o contrário.
- Como você sabe?
- Porque ela me quer. Já deu todos os indícios.


Ás vezes é melhor deixar assim. Pra que falar? As coisas tem seu próprio curso na vida, é só deixar que cada uma delas siga o seu. Quer amar? Ame. Quer querer? Queira. Quer arder? Arda. Quer tentar? Tente. Quer seguir? Siga. Quer parar? Pare. Quer chorar? Chore. Quer viver? Viva. Nenhuma dessas coisas e muitas outras precisa de autorização pra acontecer.
É só seguir o fluxo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Uma mente cheia de...

TUDO!
É impressionante querer escrever e não fazer ideia de que, só me deixa mais e mais agoniada.
Quero falar da homofobia, das pessoas novas que conheci, da fé na vida e em mim que redescobri (mas sem parecer piegas nem discurso de livro de auto-ajuda), de amigos que cultivo e vez ou outra me surpreendem, de como eu queria entrar numas aulas de dança de salão pra dançar ritmos latinos, de como eu tô com saudade do jongo Folha de Amendoeira, de como eu queria viver na década de 40/50 do século passado em Mississipi, ou Georgia, ou Chicago, ou qualquer outro lugar cheio de clubes de blues e jazz, escondidos em qualquer porão, com jogatinas e mafiosos apostando, com suas donzelas...Como queria ser eu a cantora da noite, sentada em um piano, flertando com todos, fumando em piteira e bebendo um conhaque oferecido por um dos rapazes da platéia.
Como eu queria poder descrever uma luta de boxe de Mohamed Ali, ter medo da Cosa Nostra, ver Alcapone e seus capangas aterrorizando toda a cidade, sem nunca serem pegos.
Acho que só estou meio Blue. Amor é Blues... Calor é Blues... Frio é Blues... Falta de dinheiro é Blues... Alegria é Jazz.
Fiquei um tempo bom pensando nisso... Na exposição do Miles Davis que fui ver no CCBB, nas músicas, na doideira da época, nas drogas dos artistas, dos artistas das drogas. Viajei no tempo, e quando vi tava lá pensando em Janis Joplin e Jimi Hendrix.
Sempre tive essa veia musical exagerada. Na hora de fazer poema, de fazer música, de cantar, de subir num palco ou ficar numa quina de parede num boteco me mostrando e distraindo os ouvidos de todos. Sempre muito prazer em beber da noite, em me satisfazer com essa boêmia. Acho que é porque parece ser a única forma de extravasar essas inspirações que me acometem desde a adolescência. Me sinto meio Billie Holliday. Mas antes a influência era o rock, era um respingo da geração revoltada dos desmandos e falcatruas do governo. Uma geração que ainda gritava muito e que mobilizada multidões, sem facebook, tumblr, twitter, orkut, blog, etc... Era gostoso acordar pro colégio ouvindo a Rádio Cidade ou a Fluminense tocando um Whitesnake, um Ozzy, um Iron... Mas essas rádios acabaram, e eu fui apresentada ao Blues, ao Jazz, ao Samba, à Bossa Nova, aos Novos Baianos, e um monte de gente que me fez despertar pra um outro mundo. E foi aí que eu descobri o que era expandir seus horizontes. Entendi "the doors of perception" e o nome da banda também. Me juntei a um seleto grupo de jovens que eram tão NERDs quanto eu e que estavam descobrindo um mundo. Estávamos lendo Noite na Taverna, Dom Casmurro, O Cortiço, 1984, Revolução dos Bichos, Don Quixote... Estávamos discutindo essas coisas, e parecíamos querer disputar quem queria saber mais. Éramos uns dementes, que boicotavam o colégio, desparafusando cadeiras, cortando fios de telefone e provocando curtos-circuitos pra queimar bebedouros, enceradeiras, computadores, etc... porque não nos deixavam ter um grêmio, ou algo parecido. Porque as mensalidades eram altas e, apesar de sermos bolsistas, não concordávamos MESMO com os valores. No fundo, a gente só queria reclamar.
Nessa época aprendemos a beber, a fumar, descobrimos o que era maconha... E achávamos tudo muito colorido, diferente e aquilo nos fazia criaturas más, respeitadas. Colocar fogo em um quiosque de palha no colégio foi o ápice. Éramos NERDs e éramos maus. Acabamos com o bullying.
Queria escrever mais sobre essas coisas, mas toda vez que tento expor uma parte dessas memórias, minha mente embola, e começo a pensar em como eu queria ser feliz de outra forma, nas minhas crises de consciência, na minha "culpa católica" que faço questão de carregar e não consigo mesmo abandonar.
Esse negócio de pensar muito pra escrever nunca foi minha praia. Os textos têm que ser furacões, tem que ter vida, força, magia...E não tem que ficar corrigindo muito, nem ajeitando toda hora, substituindo frases, palavras, verbos, adjetivos. Afinal, você tá querendo escrever mesmo ou tá querendo esculpir uma ideia? Nunca gostei dos Parnasianos. Adoro os Românticos, Simbolistas, Modernistas...Mas pára por aí, porque de pós-modernidade minha cabeça já anda cheia. Falar pós-moderno parece xingar a mãe. É quando você ouve ateus respondendo "Deus me livre".
Essas coisas que me preenchem e que me inquietam são tão fortes, tão viscerais, que eu nunca sei sobre o que eu quero MESMO falar ou escrever. Gosto de tantas coisas, e tantas ao mesmo tempo, e são tão gostosas, que nunca me decido. Acabo parecendo não ter a menor coerência... E sei lá, mas acho que a minha loucura não deve ser entendida não, embora eu quisesse muito mesmo, pra tentar achar uns loucos que nem eu e poder discutir umas ideias doidas, umas músicas de uma mente cheia de...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Revolução

O amor é a maior revolução que poder-se-á fazer na humanidade. Uma revolução sem mortes e feridos. Uma revolução verdadeiramente pacifica. Uma revolução que compreende que existem dois caminhos pra responder a algo ofensivo: a vingança, que não te sacia e te coloca frente a baixeza de atitude do outro; ou o perdão, que te eleva e te poupa de conflitos futuros. Essa é a minha revolução, a das idéias, do diálogo e do AMOR, acima de tudo.

Tudo que é necessário, realmente, é que esse excesso de ódio espalhado na atualidade, nessa sociedade dita moderna, ou até mais do que isso, pós-moderna, se reduza a níveis ínfimos e que se converta em uma energia mais útil. É preciso que se construa novos cidadãos, com uma nova consciência. Precisa-se de uma nova juventude. Porque é dela que vai sair as novas mentes pensantes, os formadores de opinião, a massa crítica e também o senso comum de alguns anos a frente.

Não estou aqui enquanto militante, bradando frases de efeito e sacudindo bandeiras. Também não falo exclusivamente pelos crimes de ódio, como o racismo, a homofobia, a xenofobia, o neonazismo, dentre outros. Não falo apenas pela insistência em se repetir o velho padrão de submissão feminina, se propagando ainda com força com uma roupagem diferente, mais "moderna", que legitima que as mulheres esperem o homem tomar a frente e repassar essa educação à prole apenas por uma espécie de comodismo vindo da parte das próprias vítimas de tal coação, as mulheres. E não são poucas as ocasiões onde essas coisas ocorrem, infelizmente.

A mensagem é mais simples do que se pensa. Se fôssemos realmente civilizados, educados e pensantes como afirmamos, com tanto orgulho (e por conta disso nos auto-denominamos de "a espécie animal mais evoluída") saberíamos respeitar-nos enquanto seres humanos, acima, apesar e além de qualquer coisa, como etnia, gênero ou sexualidade. Ultimamente o nosso lado mais animalesco, o mais instistivo, é que tem estampado as manchetes de jornal. Mortes sem um propósito justificável, intolerâncias de todos os tipos... Em geral, o velho banho de sangue de sempre; violência, intolerância e preconceito pra todos os lados.

Não estou aqui pra enfatizar o velho e batido "amai-vos uns aos outros", embora seja uma boa verdade para os que acreditam em Deus. A mensagem é muito mais abrangente, e é tão simples, direta e objetiva que chega a ser complicado explicá-la.
RESPEITO deveria andar de mãos dadas com o BOM SENSO, mas como pedir os dois ao mesmo tempo de todas as pessoas é muito para a geração, se tivéssemos apenas um desses dois já seria o suficiente pra que a LIBERDADE andasse de mãos dadas à JUSTIÇA.A maior ironia disso tudo é que se essas palavras destacadas fossem pessoas, dado o gênero (masculino/feminino) de cada uma delas, seriam dois homens (respeito e bom senso) e duas mulheres (liberdade e justiça) andando de mãos dadas. Dois casais formados por pessoas de mesmo sexo. Imagine só se a gramática seguisse com rigidez os nossos comportamento sociais?? A comunicação certamente seria comprometida.

Então, pra não sermos injustos com a nossa língua mãe, e muito menos com outras pessoas, outros seres humanos, que tem problemas, qualidades, defeitos e sentimentos, como todo mundo, vamos repensar nossas atitudes, principalmente antes de colocar rótulos, afinal, não se trata de potes em uma prateleira, mas de indivíduos.
Antes de agir, pense.
Se não quer ser ferido, não fira. Respeite. As diferenças existem, sempre existiram e continuarão existindo independente da vontade de quem quer que seja, ou religião, ou conduta, ou valores morais próprios.

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las" - Voltaire