sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pressão

Por que escolher? Pra que protocolar?
Minha vontade é de pegar esses contratos, sociais ou não, e rasgá-los, queimá-los pra que se dizimem e não possam ser refeitos na minha vida.
O que é que eu sou, afinal, por onde eu estou me vendo? Pelos meus olhos ou pelos olhos dos outros?
De tanto olhar de fora pra dentro começa a refletir no que vejo de dentro pra fora.
Sou o problema.
Sou?
Problema?

Por que preciso declarar minhas vontades, fazer todas as escolhas, objetivamente?
Que porra de rumo é esse que eu devo tomar e não consigo enchergar?
Não quero perder o último segundo da minha vida me desdobrando em descobertas de um caminho que não sei se deveria trilhar.Meu último é sempre o próximo segundo.
Busco conhecimento, e isso não basta.
Trabalhar, não basta.
Falar, não adianta.
Gritar, muito menos.
Faço planos, eles mudam, tenho objetivos, eles também mudam, a cada momento, a cada novo passo da minha vida. É uma vida, não um projeto. Fazemos projetos na vida e não da vida um projeto.
Sempre quis essa liberdade intelectual e factual do dia-a-dia, liberdade de ações.Tenho isso, vivo isso e gosto disso. É onde fica minha casa fora de mim. Um dia isso acaba, e preciso aproveitar enquanto posso.
Por que querem me prender, de novo? Por que querem me convencionar?
Eu é quem deveria achar conveniente, ou não. Necessário, ou não.

Ouço a mesma determinação de vida de pessoas diferentes, que por vezes não se conhecem, ou se odeiam. De tanto me apontarem um direção pra seguir e colocarem uma pintura que fazem de mim, começo a achar que estou olhando prum espelho e que estou no caminho errado, só porque esse caminho é meu.
Acho que ninguém olha pra mim, mas através, como se fosse transpassável, transparente. Me sinto um fantasma, que assombra as vidas alheias, causa desconfiança e medo, e que ninguém consegue ver.

Tod@s temos defeitos. Só que nem sempre o que localizam como defeito meu necessariamente o é pra mim. Existem coisas que adoro em mim, como meu temperamento intenso, tempestuoso por vezes, minha voz que fica alta quando eu me empolgo, gosto da minha boemia, do meu cigarro, das militâncias, das discussões e debates, gosto de ouvir Tim Maia e depois Mozart e depois Jongo, por exemplo. Gosto da minha inconstância e da minha inquietude.
E nada disso significa que eu não tenho metas, nem planos e muito menos que não luto pra realizá-los.
Não quero fazer nada forçado mais. Me deixa ser eu um pouquinho. Isso é novo pra mim.
Primeiro tinha que ser como minha família queria, depois tinha que ser como a galerinha da escola queria porque ninguém me respeitava, tinha que me integrar em algum grupo, ou em todos. Depois veio a pressão de ser como o chefe queria que fosse, pra não atrapalhar o rendimento. Agora é professor orientador. Mudou a pessoa, mas a pressão é a mesma.
Sei que a vida não é fácil, que é muita pressão, por conta de diversas responsabilidades que se avolumam vida afora, proporcionalmente com a nossa idade, sei também que a sociedade de forma geral espera uma postura nossa e que temos que corresponder, etc... Mas eu me reservo o direito de viver a minha vida do meu jeito.
É insuportável ser cobrado, saber que sua figura não inspira confiança ou que não remete a responsabilidade. O que esperam de mim? Já fiz tantas mudanças...Não sei se posso mudar mais.Não sei se quero, se preciso.

Ás vezes dá uma revolta, ás vezes não dá nada... E o que tem predominado bastante é a vontade de ficar calada. Falar pra que? Ninguém vai ouvir, mesmo que eu grite. As coisas são como são e eu só sigo o fluxo. Mas queria tanto que esse momento meu, de coletividade, de entrega, de não ter hora pra te governar, de intensidade, de risos, de conversa fora, de samba, de jongo, de dança, fosse respeitado. Esse momento é importante pra mim, e sempre é mal visto.
Se sou alcoólatra, viciada, prostituta, maconheira, ou qualquer outro tipo de estereótipo associado a imagem de vagabunda que não quer nada com a vida, é por conta do pensamento alheio. Fiz coisas impublicáveis e condenáveis no passado, errei muito, penei abessa pela minha falta de maturidade, minha insistência em ser sozinha e minhas escolhas...Não gosto de escolher ser, eu sou, apenas. Aprendi muito com os tropeços, como diz em qualquer papo de ex-alguma-coisa-condenável-pela-sociedade. Tô aqui, disposta e exposta, como todo mundo, sujeita a errar, como todo mundo...Mas quero ser livre pra isso. Será que nunca vou conseguir ser feliz, ou estar tranquila ao menos?
Eu me cobro pelo meu melhor, da minha maneira.
Não preciso de mais ninguém pra isso.
Um conselho, um toque, é bom de dar. Cobrança é pressão e eu não preciso de mais disso na minha vida. Nem eu e nem ninguém, creio.

Como diz naquela propaganda: por uma vida sem frescura!

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