segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O Negrume da noite está de volta

Em meio a um sentimento inexplicável - ou nem tanto - de uma sombriedade beirando a sordidez, não tive como resistir e fiz um retrocesso aos meus pensamentos que há tempos tinha afastado.
Sim, são essas coisas medonhas, noturnas, sorumbáticas, sempre depressivas e tristes que costumavam ser o meu reduto, durante praticamente toda a minha adolescência.
Se eu dormia pouco, eu tava aprontando, se eu dormia muito, tava me drogando...Dentre outras pressões e suspeitas, pensei - e por vezes tentei até - me matar.Mas no último instante pensava com a razão e com o resto de fé que me sobrava que abreviar vidas não é uma tarefa pra um ser humano executar.
Não vou discutir eutanásia, coma induzido, estado de inércia neuro-vegetativo ou qualquer coisa do gênero.Só vim relatar um trecho do meu passado não tão distante assim, pois consegui esticar a mão e os dedos e peguei seu último que brotava em meu peito ainda agora.Não resisti, fui puxando e dele saiu esse desabafo em um poema pra um coração muito - e há muito - abafado, preso, acorrentado.
O motivo ao certo não posso me dizer, só posso contar meus lamentos e meu esforço pra me livrar dos mesmos.
Ao contrário do que possa parecer...Eu simplismente detesto este estado deplorável de miserável da alma, como se os meus sentimentos tivessem sido derramados no esgoto e eu visse ratos corroendo as minhas visceras.
Numa tentativa de abrir minha mente, em um despejo sobre o "papel" escrevi uma forte poesia.
Tão forte que fede a dor, arde e queima como ácido e tem gosto de sangue.
Não apreciem este meu lado negro.Ele pode voltar.
Só posso garantir que não é uma das minhas facetas mais belas ou divertidas.


Navalhas

Aquilo que foge da realidade
Contido nos sonhos alheios guardados dentro da mente
Liberta o horror mantido em prisão por tanto tempo
Pelo medo, uma perda.
Corre selvagem pela brisa perdida no além.

Após o azul do crepúsculo
Sonhar livremente pela última vez
Adiante, uma pedra afiada como navalha.
Faz-me reviver este horror
Na tumba de tapete de ossos quebrados.

Como um coração em tempos jogados,
Envenenados pelas sombras que carregam suas lágrimas
Por tempos e tempos sem parar, em um prelúdio de morte.
Sempre atentos aqueles a quem um dia a navalha cortou.
Envelhecidos talvez por aquilo que mais amavam
Talvez um novato de uma guerra.
Genocídio em guerras santas...

Doce vitória,
Doce vingança,
Doce perda,
Doce chama de uma destruição
Longa data,
Fogo que queima sem arder.

O pranto derramado sobre o túmulo
Daquele que chegou a tocar o infinito
Por um sonho nascido do que jamais teria vida.
O medo estampado no olhar de uma criança
Que um dia perdeu para o ódio.
Ninguém além dela saberá o sentido disso,
Seu coração mais uma vez foi partido.

Nunca achei meu caminho
Na alvorada morta pela esperança
Que um dia abraçou os desejos da fera.

Talvez pela flor que renasce na pedra fria
À luz de uma nova aurora,
Quem sabe pela água do rio sem vida que deságua no mar.
Talvez pelo canto longínquo
Os sonhos pensados pelos prisioneiros dela.

Sem saber os motivos,
Aqueles que correram ilógicos
Sentem aquilo que foi perdido.
O veneno que escorre pelas línguas bifurcadas
Revela a caça e o caçador.

Quando a luz dentro da esfera brilhar,
Insanidade em seu interior,
Mostrará as cicatrizes escondidas
Decaindo eternamente
A roleta da sorte girará outra vez
Mostrando aquilo que está por vir.

Numa vida, eu sei.
Sentindo liberdade em devaneios.
Dance comigo
E entenderá o sentido disto!

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